Figura constante nos tapetes vermelhos dos principais festivais de cinema do mundo e nas grandes premiações da sétima arte, o ator Jean Rochefort (Uma Passagem Para a Vida) faleceu ontem, dia 9 de outubro, aos 87 anos. O comediante estava internado em uma clínica parisiense desde o último mês de agosto e deixa como legado uma longeva e bem-sucedida carreira de quase 160 filmes.
Formado pelo Conservatório de Arte Dramática de Paris, Rochefort tornou-se um importante nome do cinema francês contemporâneo nos anos 1970, quando suas habilidades cênicas chamaram a atenção de renomados cineastas da época. Assim, de uma só vez, o ator foi escalado para estrelar obras de realizadores como Luís Buñuel (O Fantasma da Liberdade), Bertrand Tavernier (O Relojoeiro) e Claude Chabrol (Assassinato por Amor). Ainda na mesma década, Rochefort ganhou seus 2 César — o Oscar da sétima arte francesa —: Melhor Ator Coadjuvante por Que la fête commence... (1976) e Melhor Ator por Le Crabe-Tambour (1978).
Curiosamente, o francês também ficou famoso por um papel que não pôde interpretar até o fim. No início da década de 2000, o comediante daria vida ao protagonista da "amaldiçoada" adaptação cinematográfica de Dom Quixote de La Mancha. Sonhado projeto de Terry Gilliam (O Mundo Imaginário do Doutor Parnassus), a produção encontrou inúmeros contratempos e acabou sendo cancelada à época. Esta angustiante odisseia pode ser conferida no documentário Perdido em La Mancha, que registra o fracasso da empreitada. 17 anos depois, Gilliam conseguiu finalizar Dom Quixote, com Jonathan Pryce (Game of Thrones) e Adam Driver (Star Wars - O Despertar da Força) nos papéis que pertenciam à Rochefort e Johnny Depp (Aliança do Crime), respectivamente.
Antes de se aposentar definitivamente das telonas, em 2015, Rochefort ainda encontrou tempo para gravar A Viagem de Meu Pai e dublar Abril e o Mundo Extraordinário.