Gênio, bilionário, playboy e filantropo. Poderíamos estar falando de Tony Stark (Robert Downey Jr.), mas estamos falando de Hugh Hefner, criador da revista Playboy que faleceu ontem, dia 27 de setembro, aos 91 anos. O magnata, cujo rol de adjetivos também pode ser composto por palavras como "polêmico" e "bonvivant", morreu na Mansão Playboy, em Beverly Hills.
A vida e a trajetória de Hefner, que parecem ter sido extraídas da sétima arte, se confundem com a própria história do cinema. Em 1952, quando ainda era redator da prestigida Esquire, Hefner decidiu criar uma publicação para chamar de sua. Realizou uma hipoteca, pegou altas quantias de dinheiro emprestadas e reuniu verba por meio de investidores para fundar a Playboy — e em sua primeira edição, a revista trouxe ninguém mais ninguém menos que a sex symbol Marilyn Monroe (Quanto Mais Quente Melhor) na capa.
No contexto da época — início dos anos 50 nos Estados Unidos —, a sociedade norte-americana era ainda mais permeada e regulada por tabus do que é hoje em dia, principalmente no âmbito da sexualidade. Assim, ao publicar fotos sensuais de uma atriz do porte de Monroe, Hefner não só recuperou rapidamente seus investimentos como também deu início à sua impressionante ascensão e contribuiu bastante para a revolução dos costumes que modificaria por completo o país na década seguinte.
Conhecido por dar festas dignas de O Grande Gatsby na Mansão onde veio a falecer, Hefner também tornou-se um importante ativista político e foi parar até mesmo na Suprema Corte, quando lutou para que os Correios dos Estados Unidos, instituição muito respeitada pelos norte-americanos, concordassem em enviar as edições da Playboy para os assinantes. Essas e outras histórias estão presentes no documentário Hugh Hefner: Playboy, Activist and Rebel, de Brigitte Berman (The River of My Dreams: A Portrait of Gordon Pinsent) e no especial de televisão dedicado à vida do magnata, dirigido pelo celebrado Ken Burns (The Central Park Five).
Hefner, que foi comparado com figuras lendárias da sétima arte como Charles Foster Kane (Orson Welles) e Walt Disney, também já foi retratado em episódios de Os Simpsons, entre outras séries, atuou como si mesmo em inúmeras produções — tais como A Casa das Coelhinhas e Um Tira da Pesada II — e, mais recentemente, foi interpretado por James Franco (The Disaster Artist) na biografia de Linda Lovelace, protagonizada por Amanda Seyfried. Ainda, vale lembrar que o Amazon Prime lançou o seriado American Playboy: The Hugh Hefner Story, com Matt Whelan (Top of the Lake) no papel principal, em abril deste ano.
Hefner será enterrado no cemitério Westwood Memorial Park, em Los Angeles, no túmulo justamente ao lado do de Marilyn Monroe.