Mais novo trabalho da cultuada diretora Daniela Thomas, Vazante protagonizou o momento mais discutido do Festival de Brasília até então. Após ser bem recepcionado pelo público no Cine Brasília após a sessão na noite de sábado, 16 de setembro, o longa foi, no dia seguinte, tema de um acalorado debate com o público e imprensa presentes no evento.
Passado em Minas Gerais, no século XIX, o filme retrata o dia a dia de uma fazenda comandada por um português dono e vendedor de escravos. Belíssimo esteticamente, rementendo às pinturas de Debret, Vazante adota o ponto de vista do homem branco e pouco desenvolve os personagens negros, o que irritou parte dos presentes no debate.
Em quase duas horas de conversa, parte dos presentes, em especial negros e negras, questionaram a diretora por suas escolhas. O crítico Juliano Gomes, da Cinética, apontou que o filme é “belíssima máquina de manutenção do status quo”. E outros reforçaram o olhar conformista da diretora com relação aos escravos.
Daniela ouviu todas as críticas e admitiu, como mulher branca de classe média, que não teria como tentar inserir o olhar do homem negro. Reconheceu que seu filme é anacrônico e chegou ao ponto de dizer que não sabia se voltaria a fazer o longa.
O AdoroCinema conferiu Vazante no Festival de Berlim. Leia nossa crítica.
O AdoroCinema viajou a convite da organização do evento.