"Um filme cheio de mistérios", assim define a protagonista Priscila Bittencourt sobre sua estreia nas telonas, em As Duas Irenes. Não só para o espectador, que é apresentado a este universo em que um homem tem duas filhas de mesmo nome e mesma idade, mas com mães diferentes, mas também para as próprias atrizes.
"O Fábio [Meira] falava no meu ouvido e aí chegava na Pri e falava no ouvido dela", diz Isabela Torres, a outra Irene. "Aí a gente ficava morrendo de curiosidade em saber o que ele falou, e a gente estava cansada de tantos segredos, porque o filme inteiro é cheio de segredos. Aí quando ele ia pro canto, resolver as coisas dele de diretor, eu chamava a Isabela e a gente contava todos os segredos uma para a outra", complementa Priscila.
Táticas de Fábio Meira, diretor estreante em longa-metragens, para compôr um universo absolutamente feminino e adolescente, que lida não só com a questão de identidade mas, também, com a sexualidade nascente de suas duas personagens principais. Com um mistério extra, este de bastidores: o primeiro beijo dado por Priscila, na vida real, foi diante das câmeras - e está no filme!
"Acho isso tão bonito!", diz o diretor. "A Priscila é uma atriz nata, a Isabela também, mas tem essa coisa de uma atriz ter dado o primeiro beijo dela fazendo um filme em uma cena dentro de um cinema."
Exibido nos festivais de Berlim e de Gramado, onde ganhou o prêmio de melhor filme segundo o júri da crítica e os Kikitos de ator coadjuvante (Marco Ricca), roteiro e direção de arte, As Duas Irenes estreia hoje, 14 de setembro, nos cinemas brasileiros.