Com Chega de Saudade (2007), a diretora Laís Bodanzky e o roteirista Luiz Bolognesi abordaram a terceira idade. Na sequência, veio As Melhores Coisas do Mundo (2010), sobre a adolescência. E, no Festival de Gramado 2017, apresentaram Como Nossos Pais, focado na maturidade. Impossível não pensar na ideia de um trilogia das “fases da vida”.
“Nunca foi oficial que a gente pensou nisso, mas muito amigos e jornalistas perguntavam quando a gente ia falar da nossa geração”, confessa a cineasta, em entrevista ao AdoroCinema. “Mas foi dessa brincadeira que surgiu um pouco esse desejo real”.
Outro ponto em comum entre os filmes é que os três partem de um recorte sutil e delicado sobre o cotidiano. Não deixa de ser curioso, portanto, que o próximo projeto da dupla seja um filme de época sobre Dom Pedro I, que vem sendo chamado, simplesmente, de Pedro. E não por acaso.
“O título ainda é provisório, mas ele se chama Pedro porque eu quero contar a história desse cara e não o Dom Pedro I”, ela adianta. “Esse é o meu desafio no momento”. “O filme está centrado na busca por construir as intimidades afetivas da personagem, não as peripécias históricas”, continua Luiz. “Claro que elas aparecem no filme, mas completamente como pano de fundo”.
A pista, no entanto, vem do desafio autoimposto por eles mesmos de perseguir pontos de vista que não são os tradicionais, como a ótica feminina de Como Nossos Pais. “Todas as narrativas de literatura clássica que a gente vê, quando elas tratam do tema da transgressão sexual feminina, quando a mulher tem um amante, por exemplo, isso é o que deflagra uma crise. No caso de Como Nossos Pais, esse elemento não é uma questão”, compara Bolognesi, para concluir “Como todo mundo, eu estou cansado do nosso timeline [dos roteiros brasileiros]. Não dá para aguentar mais isso”.
Protagonizado por Cauã Reymond, também produtor, no papel-título, Pedro ainda não começou a ser rodado (muito menos tem data de lançamento prevista). Atualmente, os realizadores trabalham na finalização do roteiro. “Ainda não matamos a charada”, explica Laís. O que é apenas uma questão de tempo, a julgar pela sensibilidade da dupla.