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    Mark Ruffalo e Michael Moore protestam contra fala de Trump sobre marcha neonazista

    "Basicamente o nosso presidente apoiou nazis, a alt-right e a KKK e comparou a esquerda com os nazistas", afirmou o ator que interpreta o Hulk após Trump culpar "os dois lados" pela violência da extrema-direita em Charlottesville, na Virginia.

    As marchas de ódio promovidas por grupos de direita e extrema-direita nos Estados Unidos na última semana chocaram a comunidade internacional e nomes de Hollywood têm se engajado para denunciar discursos racistas e a retórica do presidente Donald Trump.

    Na última quarta-feira (15), o cineasta e ativista Michael Moore convocou o público de seu espetáculo na Broadway, a peça The Terms of My Surrender, para protestar contra o racismo e Trump do lado de fora da Trump Tower na cidade de Nova York.

    Moore informou ao público de seu monólogo que havia dois ônibus de dois andares para levá-los para a Trump Tower, onde o presidente dos Estados Unidos estava durante uma breve visita à Nova York. O público da peça, que contava o produtor Harvey Weinstein e com a atriz Marisa Tomei, foi convidado pelo ator Mark Ruffalo a se juntar a um grupo de manifestantes que protestavam contra Trump desde segunda-feira (14).

    "Nenhum de nós se lembrava de ter visto um presidente americano defender nacionalistas brancos... Depois que isso aconteceu eu fiquei com lágrimas nos olhos porque isso mostrou que esse cara não é apenas louco — ele tem uma agenda", disse o diretor de Fahrenheit 9/11, que prometeu lançar um filme que vai derrubar Trump. "Quando ele for indiciado, quando ele for preso, minha questão será: 'Vão julgá-lo como um adulto?'", brincou o documentarista.

    No último sábado (12), a calma cidade de Charlottesville, na Virgínia, EUA, recebeu a maior marcha de supremacista brancos que se têm notícia nos últimos tempos. Com o lema "Unir a direita", a marcha contou com integrantes do grupo racista Ku Klux Klan, neo-nazistas autodeclarados, membros de grupos associados com a chamada "alt-right" e nacionalistas. Em meio a bandeiras com a suástica, tochas e saudações à Hitler, o evento contou com palavras de ordem como "Judeus não vão nos substituir", além de ataques contra gays, negros e imigrantes.

    Grupos antirracistas e antifascistas se mobilizaram para combater os manifestantes racistas e houve confronto. Um dos supremacistas, James Alex Fields Jr, de 20 anos, avançou de carro contra uma multidão que era contra o protesto racista e feriu 19 pessoas, matando a ativista Heather Heyer, de 32 anos.

    "Nós estamos aqui hoje para celebrar a vida de uma americana que foi morta por um nazista em solo americano. Vamos dizer o nome dela para que Donald Trump ouça o que está acontecendo aqui. Ele consentiu com essas pessoas, ele consente com o fascismo, ele consente com a KKK, ele consente que nazistas mostrem sua verdadeira face, e nós estamos aqui para lembrá-lo que há um custo para isso. Americanos morreram por causa disso. Diga o nome dela: Heather Heyer!", protestou Ruffalo.

    Inicialmente, o presidente Donald Trump, que pautou sua campanha à Casa Branca com uma retórica inflamada contra imigrantes e acolheu pessoas associadas à alt-right em sua equipe, culpou os "dois lados" pelo tumulto em Charlottesville, numa infeliz tentativa de colocar no mesmo grupo antirracistas e neonazistas. A fala do magnata alçado a chefe de Estado foi extremamente mal recebida nos Estados Unidos até por seus colegas de partido e canais conservadores como a Fox News. Na segunda-feira (14), Trump voltou atrás e deu nome aos bois, chamando neonazistas, supremacistas e a KKK de "repugnantes".

    Entretanto, já na terça-feira (15), mudou de opinião novamente e voltou a equivaler manifestantes de esquerda e neonazistas. "Eu acho que há culpa nos dois lados", disse o político. "Você tem um grupo de um lado que é ruim e você tem um grupo no outro lado que também é muito violento. Ninguém quer falar sobre isso."

    "Isso foi muito desconcertante", comentou o astro que interpreta o Hulk nos filmes do Universo Cinematográfico Marvel. "Basicamente o nosso presidente apoiou nazis, a alt-right e a KKK e comparou a esquerda com os nazistas. Quando nós lutamos a Segunda Guerra Mundial havia dois lados, eram os nazistas contra o resto do mundo, que tentava pará-los, e é assim que nós nos encontramos hoje nos Estados Unidos, infelizmente. Mas nós temos um presidente que ao invés de enfrentá-los está encontrando justificativas para eles."

    A atriz Olivia Wilde, que encena a peça 1984 na Broadway em um teatro próximo ao teatro em que Moore está em cartaz, também se juntou ao protesto. "Defenda a justiça! Defenda a América! Trump não é um presidente legítimo! Trump não é a América!", bradou a atriz. Zoe Kazan, atriz e roteirista, também esteve presente e conclamou: "Nós rejeitamos o fascismo! Nós rejeitamos a supremacia branca! Nós rejeitamos neonazistas! Nós não vamos aceitar supremacia branca na Casa Branca!"

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