O diretor franco-polonês Roman Polanski foi alvo de uma nova acusação de abuso sexual. A advogada Gloria Allred, que tem um histórico de defender causas envolvendo a proteção dos direitos de mulheres, e uma mulher que alega ter sido vítima do cineasta concederam uma coletiva de imprensa em Los Angeles nesta terça-feira (15) na qual falaram sobre o assunto.
Identificada apenas como Robin, a mulher disse ter sido estuprada por Polanski em 1973, quando ela tinha apenas 16 anos de idade. Allred afirmou que o crime ocorreu no sul da Califórnia, mas evitou entrar em maiores detalhes para preservar sua cliente.
"Um dia depois do que aconteceu, disse a um amigo o que o senhor Polanski tinha feito comigo", disse Robin ao ler seu comunicado para a imprensa. Ela afirmou que, na época do suposto estupro, se manteve em silêncio sobre o assunto com sua família por achar que seu pai poderia matar Polanski ao saber do que o diretor teria feito com sua filha. "A razão de eu não ter contado a ninguém é porque não queria que meu pai fizesse algo que pudesse levá-lo à prisão pelo resto de sua vida."
Em 2010, Allred defendeu a atriz britânica Charlotte Lewis, que também acusou Polanski de estupro. O crime teria ocorrido no apartamento do diretor em Paris, quando ela tinha 16 anos.
Em 1977, Polanski foi preso e condenado por ter estuprado Samantha Geimer, uma menina de 13 anos na época do crime, na casa do ator Jack Nicholson (que estava fora do estado na ocasião). Polanski estava encarregado de realizar uma sessão de fotos com Geimer e, ao ficar a sós com a adolescente, a estuprou. Geimer já afirmou que os eventos foram "assustadores e, olhando para trás, muito arrepiantes" e que Polanski "não aceitava não como resposta" quando a atacou. O cineasta alegou que a relação entre os dois havia sido consentida.
Um tribunal acusou o diretor de estupro com uso de drogas, perversão, sodomia, atos libidinosos com uma criança com menos de 14 anos, e por fornecer drogas controladas a uma menor de idade. Após entrar em acordo com o advogado da vítima, Polanski se declarou culpado por abusar sexualmente de uma pessoa menor de 18 anos e foi absolvido das demais acusações. O acerto incluia uma estadia de 90 dias em uma prisão estadual para avaliação psiquiátrica. Durante o período, Polanski solicitou uma suspensão temporária da pena para que ele pudesse ir à Europa terminar de filmar um projeto. Ao retornar aos Estados Unidos, o diretor passou mais 42 dias preso e foi libertado após pagar fiança. Quando seus advogados suspeitaram que um juiz o mandaria cumprir uma pena de verdade na cadeia, Polanski fugiu para a França, onde vive atualmente. Até hoje o diretor é considerado foragido e o caso não foi encerrado pelas autoridades americanas.
Em junho deste ano, Geimer pediu às autoridades que o caso fosse dado como encerrado por não suportar mais a cobertura da imprensa sobre o assunto e por querer preservar sua família de mais exposição. "Eu tenho certeza de que ele se arrependeu instantaneamente do que fez e desejou que isso nunca tivesse acontecido", disse ela na ocasião. "Eu estava lá. Eu estou bem. Eu não acho que eu deva ser forçada a ter pena de mim mesma só para entreter as pessoas. Eu não farei isso. Eu estou bem."
A mulher identificada apenas como Robin disse que foi a vontade de Geimer de encerrar o caso contra Polanski que acendeu nela o interesse de revelar sua história de abuso. Polanski completa 84 anos na próxima sexta-feira (18).