[ATUALIZAÇÃO - 01/08] Em nota oficial enviada ao AdoroCinema, a Netflix comunica:
A matéria do LA Times calcula erroneamente nossa dívida com o valor de US$ 20 bilhões ao considerar nossas obrigações de transmissão (por exemplo, contratos de conteúdo com estúdios), no valor de US$ 15,7 bilhões, como parte dessa dívida, o que não procede. Temos uma dívida total bruta de US$ 4,8 bilhões versus o nosso valor no mercado de ações que é de US$ 75 bilhões.
Contextualizando, os US$15,7 bilhões são referentes a gastos futuros com conteúdos que trarão resultados ao longo do tempo. Todos os canais de televisão aberta e a cabo, além de serviços de streaming, têm contratos de licenciamento e utilizam a mesma estrutura. Como referência, Disney/ESPN tem US$49 bilhões em compromissos similares para contratos relacionados a esportes.
20 bilhões de dólares. Esta é a dívida acumulada pela Netflix atribuída aos seus investimentos em conteúdo original
Segundo informa o jornal Los Angeles Times, a dívida é uma soma de empréstimos feitos a longo e a curto prazo com o objetivo de aumentar o número de assinantes e oferecer uma concorrência cada vez mais pesada aos outros canais de streaming, Hulu e Amazon. Mas o montante é menos assustador do que se imagina em uma primeira impressão.
A estratégia funciona, já que a Netflix soma 104 milhões de assinantes totais atualmente, com um crescimento de 25% somente no ano passado. Em 2017, o número de assinantes internacionais da Netflix superou o de norte-americanos pela primeira vez. Ainda de acordo com o jornal, os investidores de Wall Street tratam o crescimento de assinantes da Netflix como um indicativo de futuro saudável, e a natural saturação do mercado dos EUA faz com que o caminho seja investir na fidelização dos outros mercados – o que tem sido feito com séries locais, como 3%, Club de Cuervos e As Telefonistas.
O fato é que os efeitos da dívida talvez tenham começado a ser sentidos, com os recentes cancelamentos de The Get Down e Sense8, duas das produções mais caras do canal. Mas a empresa sediada em Los Gatos, Califórnia, enxerga os gastos como um investimento. Atualmente, grandes de seus gastos são de licenciamento de séries e filmes, já que seus maiores sucessos não são produções da casa. Orange Is the New Black, por exemplo, é da Lionsgate; House of Cards, da independente Media Rights Capital; e as séries da Marvel, bem... são da Marvel. A previsão é gastar agora para que as produções 100% próprias sejam os grandes sucessos. Às vezes dá certo (Stranger Things); às vezes, não (Santa Clarita Diet).
Assinantes que assistem conteúdos no celular impulsionam crescimento da NetflixA tendência é que a curva se equilibre com o tempo, e o mercado enxerga os gastos ora excessivos e a quantidade exagerada de séries uma tentativa de comparar aos grandes jogadores da TV a cabo.
Alguns analistas, no entanto, acreditam que as ações da Netflix estão supervalorizadas, e podem sofrer uma queda, ou saírem da bolha de crescimento, dentro dos próximos anos.