Em First They Killed My Father, Angelina Jolie narra o tempo em que o Camboja foi dominado pelo Khmer Vermelho, um regime ditatorial que assassinou mais de dois milhões de pessoas durante os anos de 1975 e 1979. O filme anti-guerra, no entanto, tornou-se centro de uma grande polêmica após uma reportagem da Vanity Fair afirmar que a realizadora teria explorado crianças durante o processo de seleção de atores para o longa. Como forma de esclarecer a situação, a atriz ganhadora do Oscar divulgou um comunicado oficial (via Huffington Post) negando as acusações feitas pelo periódico:
"Toda medida foi tomada para assegurar a segurança, o conforto e o bem-estar de toda criança presente no filme, desde processo de seleção, à produção e ao presente momento. Pais, tutores, parceiros de organizações não-governamentais que trabalham com crianças e psicológios estavam à disposição todos os dias para assegurar que todos tivessem suas necessidades atentidas. E, acima de tudo, para certificar que ninguém fosse ferido de qualquer forma por participar na reconstituição de um período tão doloroso da história de seu país. Estou irritada que um exercício de improvisação, de uma cena que está no filme, tenha sido descrito como um cenário real. A sugestão que dinheiro de verdade foi tomado de crianças durante uma audição é falsa e inquietante. Eu mesma estaria indignada se isso tivesse acontecido. O objetivo deste filme é tornar visível os horrores que as crianças enfrentam em tempos de guerra, e ajudar a protegê-los".
O produtor e cineasta Rithy Panh (A Imagem que Falta), sobrevivente do genocídio cambojano, também se pronunciou, saindo em defesa da diretora: "O objetivo do teste era o de improvisar com as crianças e analisar como uma criança se sente quanto ele ou ela é pego fazendo algo que não deveria [...] As crianças não foram enganadas ou aprisionadas, como alguns sugeriram. Elas entenderam perfeitamente que era atuação, faz de conta". O produtor também afirmou que as crianças — incluindo a protagonista do longa, Sareum Srey Moch — continuam recebendo acompanhamento médico e psicológico mesmo após o término das filmagens.
A controvérsia ganhou ainda mais força por causa da contradição entre o problemático processo de seleção descrito pela revista e a conduta de Jolie em sua vida pública. Além de ser embaixadora da ONU (Organização das Nações Unida), a cineasta é conhecida por seu intenso ativismo no âmbito dos direitos humanos, trabalhando diretamente com refugiados de diversas nações ao redor do mundo. A Vanity Fair e a repórter Evgenia Peretz, responsável pela matéria, ainda não não emitiram uma resposta às contestações de Jolie e Pahn.
First They Killed My Father faz parte da seleção oficial do Festival de Toronto, que ocorre entre os dias 7 e 17 de setembro — vale lembrar que o evento, mais uma vez, terá cobertura especial do AdoroCinema.