MAD MAX: ESTRADA DA FÚRIA
Essencialmente, a estrutura narrativa de Mad Max: Estrada da Fúria é igual à de Encurralado: o quarto longa estrelado pelo silencioso guerreiro Max é uma imensa caçada automobilística. As únicas diferenças entre os dois filmes são o cenário pós-apocalíptico, os veículos monstruosos, a presença de um músico com uma guitarra flamejante, a construção de uma das maiores heroínas da sétima arte, a Imperatriz Furiosa (Charlize Theron), e o fato de que a perseguição termina em uma tempestade cósmica de proporções bíblicas. Só isso. Vale lembrar também que o diretor George Miller criou a maioria das cenas com o mínimo de efeitos digitais, preferindo investir em efeitos práticos. Ainda que Max (Tom Hardy) tenha uma missão aparentemente simples — cruzar o deserto e o território do inimigo carregando as mulheres que Immortan Joe (Hugh Keays-Byrne) mais deseja capturar —, a montagem e as insanas cenas elevam Estrada da Fúria ao patamar de um dos melhores filmes de ação de todos os tempos.
CAÇADOR DE MORTE
Além de Bullitt, outro filme que inspirou diretamente as sequências iniciais de Em Ritmo de Fuga e Drive foi Caçador de Morte (The Driver, no original). Aliás, Edgar Wright admira tanto o trabalho do diretor Walter Hill que conseguiu arranjar uma pequena ponta para o cineasta no final de sua nova obra. Inspirado pelas obras de Edward Hooper e pelo clássico de Jean-Pierre Melville, O Samurai, Hill pode ser considerado como um dos responsáveis pelo estabelecimento da mitologia dos ases do volante — silenciosos, implacáveis e violentos — como o piloto interpretado por Ryan O'Neal (Barry Lyndon). Na verdade, o protagonista de Caçador de Morte só fala 350 palavras no filme todo. É pouco, mas ele não precisa dizer nada. Basta que ele dirija — afinal de contas, perseguições de carros não são construídas com diálogos.
OPERAÇÃO FRANÇA
Sem sombra de dúvidas, a ultrarrealista cena de perseguição de Operação França é a mãe de todas as sequências do tipo. Não é a mais antiga, mas certamente é a mais icônica. Todos os filmes lançados após a caçada empreendida pelo detetive Popeye Doyle (Gene Hackman) — que usa seu Pontiac para perseguir um metrô em alta velocidade por baixo dos trilhos suspensos de NY —, foram influenciados de uma forma ou de outra por essa frenética cena. Especialmente quando se leva em consideração que a sequência, aparentemente estruturada de forma meticulosa, foi praticamente improvisada. Filmando sem efeitos especiais, a permissão da prefeitura de Nova Iorque ou dublês, o cineasta William Friedkin levou sua equipe e o astro Gene Hackman para as ruas, acoplou uma câmera no capô do automóvel e abriu os braços para o acaso. Os produtores até tiveram que pagar o conserto de um carro danificado durante a gravação, mas tudo deu certo no fim das contas. Sorte da sétima arte. Enfim, é melhor deixar o resultado final falar por si mesmo.
Para ver mais sequências de perseguição de carros, basta conferir a frenética aventura coestrelada por Kevin Spacey, Lily James, Jamie Foxx e Jon Hamm. Em Ritmo de Fuga está em cartaz nos cinemas brasileiros.