OS IRMÃOS CARA-DE-PAU
Perseguições de carro também vão muito além dos filmes de ação e de drama. Prova disso é o spin-off cinematográfico do tradicional humorístico Saturday Night Live: Os Irmãos Cara-de-Pau, criado a partir do sucesso estrondoso obtido pela dupla John Belushi e Dan Aykroyd no programa dos sábados à noite. Inspirado pelas grandes sequências de perseguições de carro da década de 1970, o diretor John Landis decidiu entrar com o pé direito nos anos 80, criando uma verdadeira homenagem às cenas que o influenciaram — mas sem perder a comédia de vista. Metade paródia e metade tributo, a maior perseguição de Os Irmãos Cara-de-Pau destruiu 103 carros, um recorde mundial à época, e se prolongou por mais de 170 quilômetros no estado de Illinois. A missão divina dos Blues Brothers quase terminou em uma verdadeira caçada dos infernos.
DRIVE
O ano é 2011. O dinarmaquês Nicolas Winding Refn desembarca em Cannes, no sul da França, para enfrentar uma ferrenha competição. Naquela edição, cineastas consagrados como Pedro Almodóvar, os irmãos Jean-Pierre e Luc Dardenne e Lars Von Trier competiam pela Palma de Ouro do Festival. No fim das contas, A Árvore da Vida, obra-prima de Terrence Malick, levou o prêmio principal, mas o troféu de melhor diretor não ficou com nenhum dos figurões. Com Drive, filme que catapultou a carreira de Ryan Gosling, Refn criou um dos longas mais silenciosos, impiedosos, violentos, extremamente artísticos e cools de todos os tempos. Além da cena em que Gosling (motorista dublê e piloto de fuga nas horas vagas) precisa fugir de marcha ré em uma estrada movimentada, a brilhante introdução — que inclui helicópteros e a multidão de torcedores dos Los Angeles Clippers, segundo time de basquete da cidade — mostra por que Drive está nesta lista.
BULLITT
Longas que prestam tributo aos clássicos dos filmes de carros como Em Ritmo de Fuga, À Prova de Morte e Drive definitivamente não existiriam sem Bullitt, dirigido por Peter Yates. A grande cena de perseguição da obra estrelada por Steve McQueen é a mais antiga da lista, mas continua sendo uma das mais eletrizantes e impressionantes de todos os tempos. O motivo? A estrutura da sequência, que tira o melhor proveito das sinuosas ruas e vertiginosas ladeiras de São Francisco para gerar uma caçada frenética e inesquecível. Pneus cantando, carros voando, suspense, ronco dos motores, batidas em alta velocidade e a performance de McQueen: receita perfeita para criar uma sequência memorável.
VIVER E MORRER EM LOS ANGELES
William Friedkin precisou de seis semanas para completar sua visão: filmar uma perseguição de carros em uma estrada engarrafada onde os protagonistas precisam fugir dirigindo pela contra-mão. A trágica trajetória dos detetives Richard Chance (William Petersen) e John Vukovich (John Pankow) atinge um pico de adrenalina quando são confundidos com bandidos. Com os membros da força policial em seu encalço, a dupla é obrigada a fugir pelos viadutos, ferrovias, ruas e aquedutos de Los Angeles — a cidade perfeita para perseguições de carros. Friedkin utiliza seu grande domínio da linguagem cinematográfica para criar uma caçada repleta de tensão, planos memoráveis, tiroteios, angústia e pura velocidade. Em Viver e Morrer em Los Angeles, Richard e John não estão só no limite da lei: eles também estão entre a vida e a morte.