Quando o terceiro filme da franquia Transformers, O Lado Oculto da Lua, estreou, em 2011, Michael Bay anunciava que aquele seria o último da leva dirigido por ele. Aí, veio A Era da Extinção (2014), no qual ele voltou para o posto e falou em despedida novamente. Corta para O Último Cavaleiro, que chega aos cinemas brasileiros no próximo dia 20, com direção de... Michael Bay, que repete que... este será o derradeiro dele na função. O que leva a audiência a acreditar no cineasta desta vez?
O fato é que, nesse momento, deve haver um "Autobot" e um "Decepticon" soprando ideias opostas por sobre o ombro do cineasta. Se, por um lado, a mina de dinheiro que os filmes representam – foram mais de U$S 3,7 bilhões abocanhados pelos quatro títulos anteriores – vai continuar a jorrar, sobretudo pelo magnetismo que franquia provoca na China; por outro, dá sinais de cansaço “domesticamente”, já que, nos Estados Unidos, a estreia de The Last Knight (no original) foi a pior para um filme da saga (US$ 44.6 milhões, o menor valor desde a estreia do primeiro, que alcançou US$ 70.5 milhões), o que poderia ser interpretado como uma queda de prestígio, nominalmente, para Bay.
Contudo, é inegável que Michael Bay sabe do que o povo gosta – embora ele mesmo negue. Depois do sucesso (comercial) de Deadpool, Guardiões da Galáxia (especialmente dos filmes da Marvel), O Último Cavaleiro vem recheado de momentos cômicos. E, embora ele discorde que esse seja o mais “engraçado” entre todos, admite que ter humor é bom hoje em dia. “O humor está relacionado com o que está acontecendo com a psique do mundo no momento. É assim que funciona em Hollywood”.
Nem mesmo a escalação de Laura Haddock – um cosplay de outra conhecida atriz do universo, Megan Fox – o diretor admite ser intencional (a ideia seria a de que não se mexe em time que está ganhando). E ainda “monetiza moralmente” a seu favor a escalação da moça – depois de ser criticado pela objetificação do corpo feminino nas produções anteriores: “Este é o primeiro Transformers com duas heroínas e acho que ela é uma ótima adição à franquia”. (A segunda é a jovem Isabela Moner).
Como embaixador do cinema-espetáculo-sensorial-do-hiperestímulo (Michael Bay filmou de fato com câmeras IMAX 3D), o assunto “Netflix” – cujo modo de produção o cineasta criticou abertamente na première em São Paulo na noite anterior – não poderia ficar de fora da pauta. “Eles não perderiam tempo para fazer um projeto em larga escala. Seria jogar dinheiro fora investir em efeitos digitais massivos que não serão aproveitados ao máximo nas telonas”. O que não quer dizer que ele não faria um filme para a plataforma on-demand. “Para certos tipos de filmes, a Netflix seria ótima”.
Sobre outra hipótese, a de levar um herói dos quadrinhos para a tela grande, Bay não titubeia sobre qual seria seu escolhido. Seria “Deadpool”, tasca o amigo de Ryan Reynolds. Se ele toparia dirigir o terceiro (o segundo é de David Leitch e ninguém tasca) filme do tagarela, aí, já são outros quinhentos: “Veja, não quero entrar na franquia de outras pessoas. Gosto de criar franquias”.
O fato (outro fato) é que, enquanto houver $ol, Transformers vai continuar a existir, como o caso do filme solo do Bumblebee, previsto para 2018. Sem Michael Bay na direção – mas se mantendo como produtor –, diz ele para provavelmente um dos “três últimos repórteres com quem conversarei sobre Transformers”, na última etapa da turnê mundial para promover O Último Cavaleiro. Até já.