Em Soundtrack, Selton Mello interpreta Cris, fotógrafo que viaja para o meio do nada (no caso, para o Polo Norte), com o objetivo de fotografar a si próprio (sim, são selfies) e, com o resultado, montar uma exposição. Ao chegar na estação de trabalho dos cientistas (a única hospedaria disponível), é abrigado por Mark (Ralph Ineson, de Game of Thrones), que, claro, enxerga com desconfiança o forasteiro. Aos poucos, no entanto, eles vão se aproximando.
Tal qual... a relação que se deu nos bastidores entre o brasileiro e o britânico. “Foi um encontro”, diz Selton. “O que eles vivem no filme foi meio parecido com o que aconteceu comigo e o Ralph. Chegou um cara, e aí que eu fui descobrir quem é esse cara, que ele é casado, que ele tem as filhinhas, que ele estava com uma menininha nova que estava gripadinha na época da filmagem, a vida dele em Londres...”
Intérprete de Dagmer Cleftjaw, de Game of Thrones, e do Amico Carrow na saga Harry Potter, o pai preocupado viu sua carreira ganhar força depois que desempenhou o papel do conservador patriarca no ótimo A Bruxa (2016). Tanto que o gringo está escalado para a nova produção de Steven Spielberg, Jogador Número 1 (2018) – sobre a qual não conseguimos arrancar nenhuma informação de Mello.
Apesar de majoritariamente brasileira, a produção, comandada pelo duo de diretores que respondem pela alcunha de 300ml (em breve, voltaremos nesse assunto), é toda falada em inglês. O que, sim, representa um desafio a mais para Selton Mello (que fala muito bem o idioma, obrigado). “Na sua língua, você experimenta, joga um caco [improviso]. Então, muitas vezes, você quer jogar um negócio assim, e fica mais preso ao texto”, ele admite.
E, apesar de filmado em estúdio (mais especificamente em Curicica, Zona Oeste do Rio de Janeiro), ninguém diz. A neve, finalizada na pós-produção, é tão real quanto o calor de Bangu.
No fim, sobrou um tempinho para conversar sobre outra aguarda produção envolvendo o ator brasileiro – que em 3 de agosto ainda lança seu terceiro filme como diretor, O Filme da Minha Vida. Trata-se de O Mecanismo, série de José Padilha (Tropa de Elite) para a Netflix sobre a operação Lava Jato. Ou melhor, “sobre a corrupção”, corrige Selton Mello – cujo “penteado” faz parte da caracterização desse personagem.
“O Zé Padilha é muito corajoso de contar uma história enquanto ela está acontecendo. Porque é muito fácil você contar daqui a 20 anos. Mas tem que ter muito peito para contar agora enquanto ela está em curso”, acredita.
Soundtrack já está em cartaz nos cinemas brasileiros.