Quando os executivos da Netflix viram sua primeira produção ser selecionada para a mostra competitiva do Festival de Cannes, sequer imaginavam as controvérsias que a distribuição de Okja, obra de Joon-Ho Bong, geraria. Comprometidos com sua plataforma de lançamentos, os chefes da empresa de streaming declararam que o longa sul-coreano não seria distribuído nas telonas. Rapidamente, protestos surgiram na comunidade cinematográfica, Pedro Almodóvar e Will Smith, membros do júri oficial, divergiram quanto à questão e a direção do Festival de Cannes incluiu uma cláusula - válida a partir de 2018 - que obriga que todos os filmes selecionados para suas mostras sejam lançados nos cinemas.
Por causa da polêmica, a Netflix reverteu sua decisão no início deste mês e anunciou que lançaria Okja simultaneamente em cinemas de Los Angeles e Nova Iorque. Mas o que ninguém esperava é que o longa - uma alegoria de nosso mundo em que uma menina precisa combater uma gananciosa corporação que deseja se apropriar de seu animal de estimação, Okja - seria lançado nas telas francesas. A revista SoFilm anunciou sete exibições especiais da obra em três cidades: Paris, Nantes e Bordeaux. As sessões serão totalmente gratuitas.
Segundo Thierry Lounas, editor da publicação, frisou que este não será um lançamento comercial e que a não cobrança de ingressos - de modo que Okja será exibido como parte de algumas mostras de cinema locais - foi uma das formas de assegurar a exibição em solo francês. "Estamos muito felizes de apresentar o filme nas telonas. Joon-Ho Bong é um grande cineasta e nós acreditamos que a melhor forma de ver o filme é nos cinemas. Depois da controvérsia em Cannes, a Netflix gostou da ideia e nós conseguimos convencê-los que, apesar da polêmica, ainda fazia sentido exibir o filme nos cinemas da França", completou Lounas.
Ainda, o editor declarou que é necessário que todas as partes, tanto os donos de cinemas, os diretores dos festivais e os executivos das plataformas de streaming, se unam para resolver a questão. E você, o que acha da problemática? A experiência de ver o filme em plataformas de streaming realmente mina a cultura das telonas, como argumentado por alguns críticos franceses, ou há espaço para as duas formas de exibição?