Pedro Almodóvar, Will Smith, Jessica Chastain, Park Chan-wook, Paolo Sorrentino, Maren Ade, Agnes Jaoui, Fan Bingbing e Gabriel Yared. A eles cabe a decisão sobre quem levará a cobiçada Palma de Ouro e os demais prêmios do Festival de Cannes 2017. Quem será?
Se cabeça de júri de festival é sempre uma incógnita, que o diga o chefiado por George Miller no ano passado, o AdoroCinema apresenta um panorama geral sobre quem está cotado neste momento. Hora de analisar as chances dos filmes exibidos nas principais categorias.
Filmes
Nenhum filme exibido causou tanto impacto quanto L'Amant Double, suspense erótico dirigido por François Ozon - o que não significa que ele seja unanimidade, muito pelo contrário. Se o estilo do longa-metragem vai ao encontro dos primeiros filmes dirigidos por Pedro Almodóvar, em sua fase kitsch, isto pode não ser suficiente para conquistar os demais membros do júri. Até porque (ainda) não se sabe como será a postura do diretor espanhol no gerenciamento das premiações.
Historicamente, Cannes já teve júris onde o presidente teve muito poder - leia-se Roman Polanski, na vitória de Barton Fink (1991), e Isabelle Huppert, com a Palma sendo dada para A Fita Branca (2009) - e outros cuja escolha foi mais consensual do que de acordo com a preferência de seu presidente - um caso explícito foi quando o júri comandado por Steven Spielberg entregou o prêmio máximo ao drama erótico Azul é a Cor Mais Quente, que nada tem a ver com o cinema produzido pelo diretor. Como Almodóvar agirá, a resposta apenas será conhecida neste domingo - e os premiados darão um bom indício disto.
De toda forma, há outros candidatos. Pela temática envolvendo o trabalho do grupo ativista ACT UP na prevençao à AIDS, o drama francês 120 battements par minute tem boas chances de sair com algum prêmio. O drama russo Loveless liderou o tradicional ranking da revista Screen do início ao fim do festival. Último filme exibido na mostra competitiva, o violento You Were Never Really Here pode ser a surpresa de última hora - e, no ranking da Screen, ficou em segundo lugar, apenas um décimo atrás.
Um possível candidato de consenso pode ser The Square, comédia sueca de humor ácido que conta com uma das sequências mais marcantes de Cannes neste ano: a apresentação do homem-macaco. Não se deve também descartar uma Palma de fundo político, sendo entregue a alguma das diretoras da seleção oficial deste ano. Não é de hoje que Cannes sofre pressões por, historicamente, ter premiado apenas uma mulher - Jane Campion, por O Piano - e vale lembrar que está no júri uma notória feminista, Jessica Chastain, assim como o próprio Almodóvar tem uma forte ligação com o universo feminino em sua filmografia. Se isto significa algo? Ninguém sabe. São apenas especulações pré-premiação com algum embasamento, mas sem qualquer garantia.
Caso a Palma vá para uma diretora, são três as candidatas: Sofia Coppola e seu O Estranho que Nós Amamos, Naomi Kawase com Hikari e a própria Lynne Ramsay, por You Were Never Really Here. E não se deve descartar a influência de Michael Haneke junto ao júri na luta por sua terceira Palma de Ouro, por mais que Happy End esteja longe da unanimidade obtida com A Fita Branca e Amor, que lhe renderam a premiação.
Diretores
Em Cannes, há uma particularidade: o ganhador da Palma de Ouro não pode levar qualquer outro prêmio. Ou seja, o premiado nesta categoria depende muito de quem levará o prêmio máximo do festival.
François Ozon (L'Amant Double), Todd Haynes (Sem Fôlego), Ruben Östlund (The Square), Hong Sang-soo (Geu-Hu), Andrey Zvyagintsev (Loveless), Lynne Ramsey (You Were Never Really Here) e os irmãos Ben e Joshua Safdie (Good Time) têm sido cotados na bolsa de apostas.
Atuação
Sem unanimidade tanto entre as mulheres quanto os homens, o Festival de Cannes chega ao final também com muitas dúvidas e uma possibilidade intrigante: Adam Sandler como melhor ator, por The Meyerowitz Stories, e Diane Kruger como melhor atriz, por In the Fade. Por incrível que pareça, não seria absurdo.
Entre os homens, os principais candidatos são Nahuel Perez Biscayart (120 battement par minute), Joaquin Phoenix (You Were Never Really Here), Robert Pattinson (Good Time), Vincent Lindon (Rodin) e Louis Garrel (Le Redoutable). Lembrando que os filmes dos dois últimos receberam muitas críticas, o que pode diminuir as chances de uma possível premiação.
Já entre as mulheres, surgem como possíves premiadas Kim Min-Hee (Geu-Hu), Maryana Spivak (Loveless), Ayame Misaki (Hikari), Stacy Martin (Le Redoutable), Izïa Higelin (Rodin) e Vasilina Makovtseva (A Gentle Creature). Há ainda a possibilidade de um prêmio coletivo às mulheres de O Estranho que Nós Amamos, assim como Volver - dirigido por Almodóvar - recebeu no próprio Festival de Cannes, em 2006.
Mais uma vez, é preciso levar em consideração o fato de que o ganhador da Palma de Ouro não pode ter seus atores premiados e que um filme pode, no máximo, ser premiado em duas categorias. Ou seja, o júri primeiro definirá seu primeiro lugar para, com as demais opções na mesa, distribuir as demais premiações. Este é o quebra-cabeças a ser montado.
Nosso palpite!
Como o AdoroCinema acompanhou de perto todo o Festival de Cannes, resolvemos brincar de júri e montar aquela que seria nossa premiação dos sonhos. Confira!
Palma de Ouro
Loveless
Grande Prêmio do Júri
The Square
Melhor Direção
François Ozon (L'Amant Double)
Melhor Ator
Nahuel Perez Biscayart (120 battement par minute)
Melhor Atriz
Stacy Martin (Le Redoutable)
Melhor Roteiro
Hikari
Prêmio do Júri
You Were Never Really Here
Prêmio de Contribuição Artística
Sem Fôlego
