Dois anos após levar o prêmio de melhor diretor, Todd Haynes está de volta a Cannes. E vem forte para levar mais um troféu para casa.
A imprensa mundial pôde conferir hoje pela manhã o novo trabalho do diretor, Sem Fôlego. Baseado no livro homônimo, o longa-metragem acompanha a jornada de dois garotos surdos, em épocas distintas, que percorrem Nova York em busca de pessoas desaparecidas. Entretanto, mais do que propriamente a história a ser contada, o que chamou a atenção foi a forma como foi adaptado o material original, como uma grande homenagem ao cinema mudo. Confira nossa crítica!
"O livro foi escrito em palavras e imagens, com o trecho da garota surda sendo contado apenas em imagens. Para o filme queria dar uma linguagem mais visual, de forma a criar um paralelo com a linguagem de sinais", comentou o autor e roteirista Brian Selznick, na coletiva de imprensa realizada após a sessão. "Quando adaptei o livro busquei uma forma de tornar a história mais cinematográfica em relação às diferenças entre as crianças. Logo, uma foi contada sem som e em preto & branco, enquanto a outra tinha cores e som."
"O roteiro trazia uma ideia cinematográfica intensa, especialmente pela intercalação entre estas duas histórias e as diferenças de estilo existentes. Para um cineasta, era algo irresistível!", comentou o diretor. "Tentei construir o filme como um grande mistério, com pistas ao longo da jornada. Mas, no fim das contas, a proposta formal é o grande mistério do filme."
Questionada sobre o modo como se preparou para Sem Fôlego, Julianne Moore revelou que teve que estudar diferentes tipos de linguagem. "Como interpretava uma atriz da época do cinema mudo, tive que pesquisar como postar o corpo, as mãos, tudo! Aprendi muito sobre a linguagem da comunicação, seja ela falada ou vista. Foi um novo mundo que se abriu para mim."
Como Sem Fôlego foi produzido pela Amazon, Todd Haynes foi questionado sobre a recente polêmica em torno do Festival de Cannes e a Netflix, devido ao lançamento de novos filmes nos cinemas ao invés do streaming. O diretor rapidamente elogiou a postura da Amazon, que sempre lança seus filmes no circuito comercial para, meses depois, disponibilizá-los em VOD.
"A divisão de filmes da Amazon é formada por verdadeiros cineastas, que amam filmes e querem dar oportunidade a visões independentes para que encontrem seu espaço em um mercado desigual. Isto sempre foi sobre a experiência de ver um filme na tela grande, e acredito que a Amazon esteja comprometida com esta ideia", explicou.
Vale lembrar que o embate entre a Netflix, debutante em Cannes neste ano, já gerou uma mudança nas regras do festival para 2018 e uma saia justa entre Pedro Almodóvar e Will Smith, durante a coletiva de apresentação do júri deste ano.
Também estrelado por Michelle Williams, Oakes Fegley e Millicent Simmonds, Sem Fôlego ainda não tem data de estreia nos cinemas brasileiros. A distribuição no país ficará a cargo da H2O Films.