Os últimos anos foram marcados por dezenas de estudos sublinhando a discriminação contra mulheres em Hollywood: elas são minoritárias como diretoras, diretoras de fotografia, produtoras... Além de receberem poucos papéis de protagonistas e ganharem salários mais baixos do que os homens.
Atrizes politizadas como Meryl Streep, Robin Wright, Charlize Theron, Emma Watson e Natalie Portman ajudaram a divulgar essas informações, e a pressão tem surtido efeito: 2017 começa a apresentar os primeiros filmes de super-herói dirigidos por mulheres (Patty Jenkins em Mulher-Maravilha, Anna Boden em Capitã Marvel em 2019) além de superproduções comandadas por cineastas mulheres (como Uma Dobra no Tempo, dirigida por Ava Duvernay).
Mesmo assim, Jessica Chastain aponta outra falha notável do sitema: a atividade de crítico de cinema é amplamente dominada por homens. Isso influencia, de acordo com ela, a maneira como vemos filmes:
"Algo de que as pessoas não falam são os críticos. Críticos sugerem ao público quais histórias são válidas, quais valem a pena. Quando 90% dos críticos são homens, talvez eles não possam fazer uma crítica neutra no que diz respeito ao gênero, por isso precisamos entender que são necessárias mais mulheres críticas de cinema para deixar claro que histórias sobre mulheres são igualmente interessantes do que histórias sobre homens".
Assista à declaração no vídeo abaixo, a partir de 2'50'':
Apesar da afirmação questionável sobre o papel dos críticos - é muito limitador reduzir a função da crítica a guia de consumo, a voz da autoridade determinando "o que é bom e o que não é" - a menção à falta de mulheres críticas é importante.
No Brasil, por exemplo, a Associação Brasileira de Críticos de Cinema (ABRACCINE), da qual fazem parte três críticos do AdoroCinema, é amplamente composta por homens. Por isso mesmo, iniciativas importantes como o coletivo Elviras, de críticas de cinema mulheres, têm destacado a representação feminina na profissão.