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    Nelson Xavier morre aos 75 anos

    Carreira do ator cobriu mais de cinco décadas.

    Nelson Xavier, ator brasileiro com mais de cinco décadas de carreira, morreu em Uberlândia, cidade de Minas Gerais, na madrugada desta quarta-feira (10). Segundo informações do jornal Folha de S. Paulo, o artista faleceu em decorrência de um câncer. Xavier foi diagnosticado com câncer de próstata no ano de 2004.

    "Lamento informar a quem possa interessar que meu pai, Nelson Xavier, faleceu esta noite em Uberlândia. Seu corpo será transferido, celebrado e cremado no Rio de Janeiro em cemitério ainda não determinado", escreveu Tereza Villela Xavier, filha do ator, em seu perfil pessoal numa rede social. "Agradeço desde já as mensagens de apoio. Ele virou um planeta! Estrela ela já era. Fez tudo o que quis, do jeito que quis e da sua melhor maneira possível, sempre", completou.

    Nascido em São Paulo em 1941, Nelson chegou a estudar Direito, mas foi nas arte que encontrou sua vocação. Entrou para a Escola de Artes Dramáticas da Universidade de São Paulo e para a companhia Teatro de Arena, onde estreou nos palcos no final dos anos 1950. Por volta desta época, por influência da amizade com Eduardo Coutinho, que se tornaria anos depois o maior documentarista do Brasil, Xavier chegou a trabalhar por um perído como jornalista, crítico de cinema e teatro.

    Com o golpe de 1964 e a instauração do regime militar, Xavier, que sempre se interessou por teatro político, viu muitos de seus amigos encararem a repressão e a censura. Neste período, passou a investir mais em trabalhos para os cinemas, atuando em filmes como ABC do Amor (1967), de Eduardo Coutinho, Rodolfo Kuhn e Helvio Soto; Os Deuses e os Mortos (1970), de Ruy Guerra; É Simonal (1970) e A Culpa (1972), de Domingos de Oliveira; e Dona Flor e seus Dois Maridos (1976), de Bruno Barreto, que levou mais de 10 milhões de brasileiros aos cinemas e foi a maior bilheteria do cinema nacional por mais de 30 anos.

    Em 1978,  fez seu primeiro e único trabalho como diretor de cinema em A Queda (1978), onde dividiu a função de realizador e roteirista com Ruy Guerra, além de ter estrelado o drama sobre um operário morto num acidente de trabalho. O filme foi premiado com um Urso de Prata no Festival de Berlim.

    Xavier fez mais de 20 trabalhos para a televisão, incluindo clássicas atuações como o lendário cangaceiro Virgulino Ferreira Lampião na minissérie Lampião e Maria Bonita (1982), o protagonista Pedro Arcanjo na minissérie Tenda dos Milagres (1985), baseada em obra de Jorge Amado, e particpações nas novelas Pedra sobre Pedra (1992), O Cravo e a Rosa (2000) e Senhora do Destino (2004). A participação especial na novela Babilônia (2015) marcou o último trabalho do ator no popular formato.

    O ator interpretou personagens espiritualizados por mais de uma ocasião e o principal deles foi o médium mineiro Chico Xavier (1910 - 2002) na cinebiografia do líder espírita dirigida por Daniel Filho e lançada em 2010. "Eu sabia que o Chico era um médium importante, mas não tinha prestado atenção nele. Com o livro, me comovi muito e, no filme, é como se eu não tivesse que buscar o personagem, ele tomou posse de mim. Foi uma coisa tão arrebatadora, que eu chamei de invasão", chegou a a firmar Nelson em determinada ocasião. "O Chico me fez sentir premiado, me fez sentir uma pessoa melhor, melhor do que eu realmente sou."

    Um dos trabalhos finais de Xavier nos cinemas foi o premiado drama A Despedida, no qual o ator interpreta um homem de idade avançada em estado terminal que aproveita seus últimos dias ao lado de sua amante, vivida por Juliana Paes. O longa rendeu a Xavier o prêmio de melhor ator no Festival de Gramado de 2014.

    Destaque no Festival do Rio do ano passado, o último filme de Nelson Xavier a ser exibido nos cinemas foi o drama Comeback, que rendeu ao seu protagonista o prêmio de melhor ator. A estreia no circuito comercial está prevista para o próximo dia 25 de maio.

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