Iniciada em 2014, a Operação Lava Jato não para de crescer e, dia após dia, surpreende com novas acusações, envolvendo notórios políticos e empresários. Ainda sem data para chegar ao fim, o evento em breve será retratado nas telas de cinema através de Polícia Federal - A Lei é para Todos, o primeiro de uma anunciada trilogia, cuja estreia está agendada para a emblemática data de 7 de setembro.
Após visitar o set de filmagens e acompanhar a gravação da cena da condução coercitiva do ex-presidente Lula, interpretado por Ary Fontoura, o AdoroCinema conversou com outro integrante do elenco: Roberto Birindelli, intérprete do doleiro Alberto Youssef. Sem papas na língua, o ator afirmou: "Fazer um filme da Lava Jato é uma insensatez. Por quê? Você está falando de um animal que não se sabe onde está a cabeça ainda. Então, que animal é esse? Eu não vi a cabeça desse animal, estou falando das patas e do corpo. Então é muito difícil falar isso. Não há o distanciamento histórico e nem a compreensão necessária… Se você fizesse um filme dos seis primeiros meses do Collor, ele seria um herói!"
Consciente de que Polícia Federal despertará paixão e ódio devido à polarização política existente na sociedade brasileira, Birindelli revelou que, em vários momentos, recusou a oferta de interpretar Youssef. "Relutei muito, porque tem uma questão que é a corrupção mas tem a politização desigual que acabou tomando conta desse movimento anti-corrupção. Que eu acho que já se transformou em instrumento político. É disso que tenho minhas dúvidas."
"Não aceitei fazer várias vezes, até que me convenceram. Li e reli o roteiro várias vezes. Optei fazer porque é o Youssef, que é um Maluf melhorado. É uma figura muito peculiar. Conversei com os delegados, os três, sobre o que é real disso. Eles falaram coisas incríveis, por exemplo, eles conheciam o Youssef desde o Banestado, 10 anos antes. Ele entregou todos os concorrentes, fez a Polícia Federal trabalhar para ele e a Polícia Federal achando que estava mandando ver! Nada! Estava fazendo o jogo dele. Ficou sozinho, e esse cara, te garanto, ele vai voltar. Porque ele nasceu para a contravenção."
"Fiz muitas perguntas para ver o gestual dele, o sotaque carregado do interior paulista, por exemplo. Perguntei o que admiravam nesse cara. Pode ser do mal, mas é admirável. Um cara que consegue fazer metade do país de bobo, no mínimo é admirável", afirma o ator.
Dirigido por Marcelo Antunez, Polícia Federal - A Lei é para Todos conta com um vasto elenco encabeçado por Marcelo Serrado (como uma espécie de alter-ego do juiz Sérgio Moro), Antonio Calloni, Flávia Alessandra, Bruce Gomlevsky, Leonardo Medeiros e Sandra Corveloni. A intenção é que os demais filmes da trilogia sejam lançados, respectivamente, em 2018 e 2019.