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    Oscar 2017: Diretores dos filmes estrangeiros apoiam Asghar Farhadi e protestam contra veto de Donald Trump

    "Misturar os temas terrorismo e refugiados é uma política horrível, desumana, pois cria medo e instaura o racismo", declarou Maren Ade, diretora de Toni Erdmann.

    As medidas polêmicas de Donald Trump atingiram em cheio o mundo do cinema quando o presidente assinou uma ordem executiva que veta a entrada de imigrantes de sete países muçulmanos nos Estados Unidos. Com isso, um dos indicados ao Oscar 2017 de língua estrangeira, o cultuado diretor de O Apartamento, Asghar Farhadi (vencedor do prêmio em 2012, por A Separação), ficou impedido de participar da cerimônia do Prêmio da Academia — provocando não só o protesto dele próprio, como de seus concorrentes.

    "Eu acho que todos nós somos afetados por isso. Pra mim, não é relevante que país Donald Trump baniu", declarou Maren Ade, diretora do filme favorito na disputa, Toni Erdmann. "Misturar os temas terrorismo e refugiados é uma política horrível, desumana, pois cria medo e instaura o racismo", ela acrescentou, em entrevista ao ao THR. A cineasta alemã ainda revelou que montou o visual do seu protagonista baseada, dentre outras figuras, na caricatura de Trump, que "é difícil aceitar que uma pessoa tão sexista foi eleita" e que as medidas dele representam "uma forma moderna de ditadura".

    Martin Zandvliet, diretor do indicado dinamarquês Terra de Minas, "entende completamente e apoia Asghar e todos os indicados em língua estrangeira", independente de sua escolha em ir ou não ao Oscar 2017. "A ideia do veto de viajar baseado em estereótipos e generalizações é traiçoeira. É perigoso quando as pessoas reagem por medo e nos tornamos críticos uns com os outros. Precisamos aprender com nosso passado", disse Zandvliet.

    "A categoria Filme em Língua Estrangeira se baseia totalmente em celebrar todas as culturas no cinema. É por isso que Asghar Farhadi sente a necessidade de boicotar o Prêmio da Academia, em resposta à tentativa particularmente trágica de Trump de banir muçulmanos. Entendemos e apoiamos sua decisão", disse Bentley Dean, codiretor de Tanna ao lado de Martin Butler. "O que foi encorajador ao longo dos dias seguintes foi ver o povo americano e suas instutuições mostrar sua força democrática para pôr fim ao lunatismo de Trump", completou o cineasta australiano.

    Um Homem Chamado Ove pode viver uma situação semelhante: a coprotagonista Bahar Pars possui dupla nacionalidade, iraniana e sueca. "Isso é terrível, claro", disse o diretor Hannes Holm: "Mas eu mandei mensagem para Bahar, dizendo a ela que não acredito em muros. Se você constrói um muro, sempre haverá um modo de se esgueirar por baixo, por um buraco ou algo do tipo". O cineasta sueco termina dizendo que ele e sua atriz, se possível, irão, sim, à premiação. Seu ponto é que "os eleitos de Trump não dão à mínima" para estrangeiros, "parte da ideia é mantê-los" fora dos Estados Unidos e se curvar ao veto talvez seja até melhor para Trump".

    O Oscar 2017 acontece no próximo domingo, 26 de fevereiro. Para saber tudo sobre a maior premiação do cinema mundial, relembrando os indicados e votando nos seus favoritos, acompanhe o evento por meio do canal especial do Oscar no AdoroCinema!

     

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