Hugh Jackman chegou na manhã de domingo, 19, a São Paulo, num voo direto de Berlim, onde havia apresentado a estreia mundial de Logan, fora de competição no mais prestigiado festival de cinema alemão, na sexta anterior.
Não que o ator tenha espremido seus 1,88m de altura entre o vácuo de uma poltrona e outra da classe econômica do avião, mas a disposição para emendar uma coletiva de imprensa com entrevistas individuais, sem nem mesmo parar para o almoço, parecia uma espécie de poder mutante do eterno intérprete do Wolverine.
Teria ele tomado o “líquido verde” que o personagem usa no filme para dar um levante no moral? Ou seria a força do “pingado” brasileiro que ele experimentou – e até fez um vídeo em seu perfil no Instagram – assim que desembarcou na capital paulista?
O fato é que, profissional, Jackman era só sorrisos ao atender a imprensa em sua despedida do papel que interpretou ao longo de 17 anos – e nove filmes, contando com esse. “Não acho que poderia ter interpretado esse papel há cinco anos. Isso tem a ver como eu me entendo, como entendo a natureza humana e as temáticas do filme como a família, a intimidade, o arrependimento e todas essas coisas. Talvez eu só tivesse que envelhecer”, revela, em entrevista ao AdoroCinema. E brinca: “Aliás, nem sempre preciso de 17 anos para entender um personagem. Talvez eu consiga fazer isso mais rápido da próxima vez”.
Amargurado, desesperançoso, envelhecido. O que se vê na tela é o desgaste de Logan ter sido Wolverine por tantos anos (o filme se passa em 2029) – num nítido contraste com a jovialidade do ator de 48 anos. Mas será que Jackman enxerga algum “efeito colateral” na própria carreira depois de tamanha dedicação ao personagem? Embora acredite que a maioria dos reveses foi "boa", ele admite que sim: “Houve uma época, há uns seis ou sete anos, em que senti que o sucesso desse personagem estava limitando minhas oportunidades. Eu era visto por muitas pessoas, e quando digo pessoas, quero dizer diretores, como 'o ator de Wolverine'”.
“Não sei o que aconteceu, se foi o Oscar [ele indicado por Os Miseráveis, em 2013] ou o teatro, mas logo tive a incrível oportunidade de trabalhar com vários diretores diferentes como Darren Aronofsky, Christopher Nolan, Woody Allen, Baz Luhrmann, Denis Villeneuve”, completa, provando por a + b (+ c + d + ...) que a carreira deu certo.
Na entrevista, Hugh Jackman ainda conta por que ele e o diretor de Logan, James Mangold, queriam tanto fazer um filme para adultos (“Você não pode realmente entender essa raiva e nem o peso de ser quem ele é a não ser que você veja e sinta essa violência”); e revela o conselho que ele deu para a jovem Dafne Keen, que interpreta a surpreendente X-23, um dos destaques do filme (leia na crítica). Bom, pelo menos a recomendação que Patrick Stewart fez à menina de 11 anos.
Confira, em breve, a segunda parte da entrevista.
Logan estreia em 2 de março nos cinemas brasileiros.
O AdoroCinema viajou a convite da Fox Film do Brasil.