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    Ryan Gosling fala sobre os bastidores de La La Land – Cantando Estações: Música, nostalgia e terno marrom (Entrevista)

    O filme-sensação da temporada.

    Getty Images

    Ryan Gosling é um dos poucos homens que podem se dar ao luxo de usar um terno marrom e, ainda assim, ficarem bem. A frase não é exatamente do AdoroCinema, mas um elogio feito por uma jornalista, espanhola, parte do grupo que entrevistou o protagonista de La La Land – Cantando Estações, durante o Festival de Toronto (Toronto International Film Festival), no último mês de setembro.

    Campeão de indicações ao Globo de Ouro (sete no total, incluindo a de melhor ator em comédia ou musical para o moço), o filme conquistou mais de 90% da crítica especializada computada pelo site Rotten Tomatoes (incluindo este aqui) e promete ser um dos mais lembrados quando os concorrentes ao Oscar forem anunciados no próximo dia 24 de janeiro. É o filme-sensação da temporada.

    Vestido com uma camisa social meio retrô (não, ele não estava de terno marrom – a colega de profissão se referia a um dos figurinos do filme), o ator não parecia muito confortável com a exposição à imprensa. Trajava um ar mais para a linha do desconfiado do que propriamente para o tom blasé a que é associado – enquanto sua publicista, cabisbaixa, mexia freneticamente no aparelho de celular meio metro atrás do artista.

    Divulgação

    “Quem são eles?”

    De poucas palavras, quase sempre com um sorriso assimétrico de canto de boca, respondeu “não muito” quando perguntado se, assim como seu personagem, era fã de jazz; “Toco de ouvido” (para “Foi muito difícil ter que encarar as partituras?”); “Gosto das músicas mainstream também” (“Você gosta de músicas mais alternativas, certo?”) – e “Obrigado, muito obrigado”, a respeito do comentário do terno, não sem dar o devido crédito à figurinista Mary Zophres, que “foi crucial para equilibrar o vão entre o passado e o presente no filme”.

    Sim, a música foi pauta central no encontro. Não só porque o foco era um musical, mas também porque Gosling tem (ou teve) uma banda, o duo "Dead Man's Bones", e ganhou fama ainda criança no “The Mickey Mouse Club”, ao lado de Justin Timberlake, Britney SpearsChristina Aguilera (sim, todos músicos). Ele negou os rumores de que tocaria com o “Hollywood Vampires” (“Quem são eles?”), a banda “do” Johnny Depp, e baixou o volume dos fãs que esperavam por um retorno do "Dead Man´s": “No início, nós queríamos lançar um musical, mas aí percebemos que seria o musical mais caro da história e desistimos. Então, achamos que seria mais barato fazer só as músicas mesmo”.

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    “São tempos empolgantes para as pessoas criativas”.

    De volta a La La Land, ele ensaia se empolgar. “Tivemos três meses para nos preparamos, o que é muito mais tempo do que o normal. Até onde eu sei, nós trabalhamos como as coisas eram feitas antigamente na época dos estúdios. O dia foi dividido entre tocar piano, dançar, trabalhar nas músicas e ensaiar o roteiro [durante quatro horas por dia]. Foi uma experiência muito imersiva e muito divertida”.

    A nostalgia – tema caro à produção de Damien Chazelle que, no entanto, atualiza a "Era de Ouro" dos musicais hollywoodianos – não toca tanto os sentimentos do ator. “As audições que são retratadas nos filmes não são mais a norma, são obsoletas. [Hoje] Você pode fazer um filme no iPhone, como Tangerine, montar no seu computador e enviar para o mundo. As coisas são diferentes agora e são tempos empolgantes para as pessoas criativas, porque existem menos restrições para elas”.

    Em Cantando Estações, Ryan Gosling veste o papel de Sebastian, um pianista (purista) da Los Angeles atual, que se envolve com a aspirante a atriz Mia (Emma Stone, com quem repete a parceria de Amor a Toda Prova e Caça aos Gângsteres). Em princípio, os dois não se bicam, mas acabam se apaixonando “cinematograficamente”, enquanto têm de lidar com os desafios das carreiras que escolheram.

    “Não foi legal”.

    Não-fã declarado de musicais (não especialmente, pelo menos), Ryan Gosling garante que “Este filme me pareceu ser um projeto que também seria acessível às pessoas que não são grandes fãs de musicais, porque este é um filme sobre duas pessoas e o seu relacionamento”. Pode soar como media training, mas ele tem razão.

    No processo de composição do roteiro do filme, o diretor pediu para que a dupla de atores compartilhasse algumas de suas experiências pessoais. “Não lembro para qual projeto era, mas eu precisava fazer uma cena muito emotiva e fiquei acordado a noite toda para atingir o estado emocional necessário. Então, cheguei para fazer o teste e, passado um minuto, a diretora de elenco o encerrou. Eu não sabia se eu continuava ou não, e eu estava lá chorando, querendo chamar a atenção dela e a diretora continuou conversando, sei lá, sobre o que teria para o almoço. Não foi legal”, se recorda. A arte imitou a vida e a “cena” foi parar no filme – acontece logo no início –, só que executada pela personagem de Stone (que, afinal, interpreta uma atriz).

    Alguém pergunta se ele conseguiu o papel. “Não, mas ainda estou esperando uma resposta deles”.

    La La Land – Cantando Estações estreia em 19 de janeiro no Brasil, com sessões a partir desta quinta, 12.

    (Tradução: Renato Furtado).

     

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