Um dado curioso marca as bilheterias americanas em 2016: a baixa procura pelos filmes de temática cristã.
Nos últimos anos, a arrecadação das produções religiosas vinha aumentando, chegando ao ápice em 2014, quando O Céu é de Verdade, Deus Não Está Morto, O Filho de Deus e O Jogo de Uma Vida somaram US$240 milhões apenas nos cinemas dos Estados Unidos.
No entanto, 2015 registrou uma queda, e 2016 apresenta números ainda mais baixos. O maior sucesso religioso do ano foi Milagres do Paraíso, com US$61 milhões. Esse resultado é mais fraco do que os US$67 milhões da pequena produção Quarto de Guerra, em 2015, e muito mais baixo do que os US$91 milhões de O Céu é de Verdade.
Ao mesmo tempo, diversas produções de temática cristã fracassaram: o caro Ressurreição parou em US$31 milhões, O Jovem Messias acumulou míseros US$6,4 milhões e o musical Hillsong: Let Hope Rise foi ainda pior, com US$2,3 milhões. Deus Não Está Morto 2, com US$20 milhões, se contentou com uma bilheteria três vezes menor que a original. Isso sem falar nos baixos números de outros filmes propícios ao público cristão, como Ben-Hur e Rainha de Katwe, ambos divulgados por Igrejas nos Estados Unidos.
Isso significa que existe uma crise de fé nos Estados Unidos? Que o cristianismo está perdendo espaço para produções pervertidas, repletas de sexo, drogas e rock'n'roll? Calma lá. Uma possível explicação pode ser o fato de muitas dessas produções não serem explicitamente cristãs, ou seja, não fazerem menção à Bíblia nem a Deus. Outro fator pode ser a crise financeira: num momento de aperto nas contas, o público religioso comprou menos ingressos.
No Brasil, a situação é diferente. Os Dez Mandamentos - O Filme foi um sucesso, embora seja impossível saber quantas pessoas viram o filme, já que a Igreja comprou milhares de ingressos para aumentar artificialmente a bilheteria e ultrapassar o antigo líder nacional, Tropa de Elite 2. Mesmo assim, é inevitável que muitas pessoas assistiram à versão cinematográfica da telenovela.
O Vendedor de Sonhos, baseado no livro de autoajuda, atingiu a respeitável marca de 500 mil espectadores no país. Em 2017, chega aos cinemas a primeira parte da trilogia baseada na vida do bispo Edir Macedo.