Notória pela personagem em que se transformou, Zsa Zsa Gabor faleceu ontem, 18 de dezembro, aos 99 anos. A húngara, que chegaria ao centenário em fevereiro, sofreu um ataque cardíaco que pôs fim ao verdadeiro suplício de suas últimas décadas. Um acidente de carro a deixou parcialmente paralisada e dependente de cadeira de rodas em 2002, um derrame piorou sua condição em 2005, uma queda dentro de casa quebrou seu quadril em 2010 e a perna direita foi amputada após uma grave infecção em 2011. Desde então não foram raras as internações em hospitais, sendo a última em fevereiro, por problemas respiratórios.
Miss Hungria em 1936, Zsa aportou em Hollywood seguindo a irmã Eva Gabor, estreou no cinema em 1952, na comédia musical O Amor Nasceu em Paris, e se destacou ao longo da década, estrelando Moulin Rouge e participando de Travessuras de Casados, O Inimigo Público Nº 1, O Rei do Circo, Destruí Minha Própria Vida, Rebelião dos Planetas e até A Marca da Maldade. Sem sucessos como protagonistas, só fazia coadjuvantes e já na década seguinte passou a interpretar a si mesma mais do que outra coisa, trocando a profissão atriz pela vida de celebridade. "Mereço atenção não por causa de algum talento, mas por ser quem sou" é uma de suas frases mais famosas, junto com "Sou uma excelente dona de casa. Toda vez que me divorcio, fico com a casa". E foram muitos imóveis, pois a "socialite das socialites" se casou nove vezes, a derradeira em 1986.
Por conta de seu sotaque carregado, tiradas ácidas, orgulho em falar dos relacionamentos e amor pelo glamour, a "primeira personalidade da mídia" acumulou participações em sitcoms e talk shows nos seus últimos anos em atividade. Em 1989 atraiu holofotes ao estapear um policial que a multou e a curiosa história, sua anedota mais famosa, foi explorada em A Família Buscapé, Corra Que a Polícia Vem Aí 2 1/2 e até Um Maluco no Pedaço.