Faleceu em Varsóvia, aos 90 anos, o aclamado diretor Andrzej Wajda. Nascido em março de 1926, ele atuou na resistência polonesa durante a Segunda Guerra Mundial e ao fim do conflito começou a estudar artes - primeiro pintura, depois cinema. Notório pelo viés político, característica principal de sua extensa filmografia, estreou em longa-metragem com Geração, sobre a juventude na época da ocupação nazista - tema que continuou desenvolvendo em Kanal e Cinzas e Diamantes, ambos premiadíssimos. Em 1969 pela primeira vez uma obra sua foi escolhida para representar a Polônia no Oscar (Tudo à Venda), mas a primeira indicação veio apenas em 1976, com Terra Prometida. Ele voltaria a figurar entre os melhores filmes estrangeiros segundo a Academia em 1980 (As Senhoritas de Wilko), 1982 (O Homem de Ferro, vencedor da Palma de Ouro em Cannes e um de seus maiores clássicos, junto com O Homem de Mármore) e 2008 (Katyn, drama sobre o massacre que vitimou seu pai).
Senador da república entre 1989 e 1991, o diretor de Danton - O Processo da Revolução recebeu um César honorário em 1992, um Leão de Ouro pela carreira no Festival de Veneza 1998, um Urso de Prata pela contribuição para o cinema no Festival de Berlim 1996 e um Urso de Ouro honorário em 2006, além de um Oscar honorário pelos 50 anos de dedicação ao cinema em 2000.
Afterimage, seu último trabalho, está no Festival do Rio e será o representante da Polônia no Oscar 2017. O filme é uma cinebiografia do pintor Wladyslaw Strzeminski, perseguido por suas ideias contrárias ao stalinismo. De acordo com a BBC, o diretor dizia que decidiu fazer o longa como um alerta contra a intervenção governamental na arte. Uma retrospectiva de suas principais obras será apresentada na Mostra Internacional de Cinema de São Paulo, que começa dia 20.
Wajda estava em coma induzido há dias e morreu de insuficiência pulmonar.