Nesta quinta-feira (22), estreia nos cinemas brasileiros a animação Cegonhas, que usa toma como ponto de partida a a ideia de que as cegonhas são a resposta para aquela clássica pergunta pueril: "De onde vem os bebês?"
O AdoroCinema entrevistou os atores Klebber Toledo, Tess Amorim e Marco Luque, principais nomes do elenco de vozes da versão dublada do filme produzido pela Warner Animation Group, e eles falaram alguns detalhes sobre o processo de atuar com a voz e comentaram a mensagem inclusiva do longa-metragem dirigido por Nicholas Stoller e Doug Sweetland.
Em Cegonhas, Toledo dubla Junior, a cegonha mais competente nas entregas da Lojadaesquina.com, empresa administrada pelo chefe Rocha. A companhia era conhecida no passado por entregar bebês para famílias que queriam um novo filho ou filha, mas a atividade foi descontinuada por causa de todos os contratempos que envolvem carregar um recém-nascido pelos ares.
Junior descobre que está prestes a ser promovido por Rocha, mas antes terá um último desafio: cuidar da Lojadaesquina.com por um final de semana. O único problema nesta questão é que a desastrada Tulipa (voz de Tess Amorim), uma jovem orfã de 18 anos que é a única humana na Montanha das Cegonhas, acidentalmente acionou a Máquina de Bebês.
A partir daí, Junior e Tulipa terão de enfrentar uma série de desafios para mandar a pequena criança para o seu lar, numa jornada que pode ensinar muito aos dois sobre o conceito de família. O Pombo Luque, que na versão original do filme se chama Toady, é dublado por Marco Luque. Ele é um personagem que está sempre à espreita, de olho na promoção reservada para Junior.
Para começar, queria que vocês falassem sobre o que vocês mais gostam nos personagens que dublam em Cegonhas.
Tess Amorim: Eu adorei fazer a Tulipa. Foi sensacional
Marco Luque: Eu adorei fazer o Pombo Luque, velho. Foi sensacional fazer o Pombo Luque. É muito bom poder emprestar a voz da gente para um personagem em um projeto como essa da Warner. Show de bola. Fico muito contente. É minha terceira experiência com animação. É algo apaixonante.
Tess Amorim: A Tulipa foi uma personagem muito incrível. Ela é riquíssima, então dá pra explorar muito. Para um ator ela é um deleite. Então foi muito prazeroso e divertido. Eu adorei.
Tess, a Tulipa é uma personagem muito desastrada, cheia de sonhos, cheia de boas intenções. Em qual medida você se identifica com ela?
Tess Amorim: Sim, ela é muito desastrada, mas ela é muito autêntica. Então isso é muito legal. Ela é muito linda do jeitinho dela. É isso que torna ela especial.
Como foi encontrar o timbre certo para o que cada personagem pedia? Vocês escutam antes os diálogos originais em inglês? Vocês assistem o filme antes?
Marco Luque: A gente pega algumas referências do original, mas a gente vê onde está o limite de cada um. Vê onde está a proposta que cada um tem. Eu tenho uma ferramenta, o Kleber tem outra, a Tess tem outra. Não adianta a gente querer fazer uma voz tão diferente da nossa que a gente não consegue nem fazer nuances, dar uma flutuada, fazer estridente, fazer um pouco bravo, fazer um pouco triste. As vezes você muda tanto a voz que você acaba entrando numa mesmice.
Tess Amorim: Acho que a gente busca mais o espírito do personagem, a pegada dele, do que mudar a voz. A voz vai automaticamente. É mais a personalidade do personagem que imprime como sai a voz.
Luque, o seu personagem usa várias gírias. Seria uma influência de um de seus personagens mais clássicos, o motoboy Jackson Faive?
Marco Luque: Eu acho que os dois tem esse mesmo feeling. Como o Jackson Faive tem essa parada de gíria e o Pombo Luque também, acho que eles acabam ficando similares, mas não foi proposital.
Klebber, você afirmou em entrevista recente ao Programa do Jô que Cegonhas marca o seu primeiro trabalho como dublador em uma animação. O que essa experiência de atuar com a voz agrega de positivo no seu trabalho como ator em outras plataformas — como TV, cinema e teatro?
Klebber Toledo: Foi realmente a minha primeira experiência. Eu já tinha feito o curso, o workshop. Foi bem trabalhoso, mas é muito trabalhoso. E por quê? Porque é uma outra linha de arte é uma outra forma de criar um personagem. Você cria passo a passo ali.
Há a velocidade da fala, as nuances do personagem... Ele pode estar muito feliz, ele respira, ele grita... É tudo muito rápido. Foi um treino muito legal. Me diverti muito fazendo. Sofri um pouco, não vou negar, mas sofri no bom sentido. Foi incrível. Eu ainda não vi o filme finalizado, mas estou bem feliz.
Em determinado momento, o filme mostra diversas concepções de família, incluindo aí algumas famílias formadas por dois pais, por duas mães, por uma mãe solteira, além das famílias tradicionais. Como vocês analisam a importância de um gesto como este, à favor da diversidade e da representatividade, em um filme voltado para crianças?
Tess Amorim: O filme mostra muitas variações de família, né? É importante que as crianças vejam isso desde pequenas para não criar rótulos. Para que elas vejam que tudo é natural, que há famílias de todos os jeitos, formatos, tamanhos, cores. É assim que a gente educa crianças com a mente mais aberta.