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    Festival de Brasília 2016: Abertura traz reverência ao passado aos gritos de 'fora Temer'

    Improvável Encontro e Cinema Novo deram a largada para o evento.

    "Eternamente, fora Temer", disse Eryk Rocha, diretor de Cinema Novo, tão logo subiu ao palco.

    Se em festivais de cinema Brasil afora tem sido comum o brado contra o atual presidente, é claro que no Festival de Brasília ele também ressurgiria com força. Após alguns minutos de catarse coletiva, os quais você pode conferir no Snapchat do AdoroCinema (@adorocinema), Eryk enfim pôde apresentar seu novo longa-metragem, o documentário Cinema Novo.

    Exibido em primeira mão no Festival de Cannes deste ano, de onde saiu com o prêmio L'Oeil d'Or de melhor documentário, Cinema Novo é um recorte sobre o movimento cinematográfico brasileiro ocorrido nos anos 1960, cujos líderes criativos foram Glauber Rocha e Nelson Pereira dos Santos. Construído a partir de cenas dos próprios filmes e de depoimentos dos artistas envolvidos durante o período retratado, o longa entrega um rigoroso e impressionante trabalho de edição, feito por Renato Vallone. Além disto, oferece uma reflexão sobre o cinema brasileiro no sentido de buscar um cinema popular e as dificuldades em ser visto pelo próprio público, além das pressões vindas do governo militar da época.

    "Esta é uma carta de amor à geração que amou o cinema e amou o país, combatendo uma ditadura militar", disse Eryk Rocha em seu discurso de apresentação do longa-metragem. "Dedico esta sessão a cada um que, ao seu jeito, está reagindo aos retrocessos estabelecidos no país", concluiu.

    Outra estreia da noite foi o documentário em curta-metragem Improvável Encontro, dirigido por Lauro Escorel. Bastante formal e de linguagem conservadora, contrastando até mesmo com a narrativa utilizada em Cinema Novo, o curta traz um paralelo entre as vidas de dois dos maiores fotógrafos do país, Thomas Farkas e José Medeiros, ressaltando o respeito existente entre eles e o quanto o trabalho de um influenciou o outro.

    Construído a partir de muito material de arquivo, entrevistas e narrações em off de Carlos Ebert e João Farkas, que assumem a voz dos fotógrafos, Improvável Encontro é um interessante retrato de época sobre um Brasil que já não existe mais, onde "as pessoas se deixavam fotografar" e "um fotógrafo da revista Cruzeiro era tão famoso quanto um galã da Globo". Ao término da sessão, o diretor Lauro Escorel dedicou o trabalho ao crítico e amigo José Carlos Avellar, falecido em março deste ano.

    *O AdoroCinema viajou a convite do Festival de Brasília.

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