“Essa é a terceira vez que eu tento assistir”. “Pois é, não é a primeira vez que eu ouço isso”. O breve diálogo aconteceu entre um casal na terceira sessão extra aberta para Moonlight para membros da imprensa e do mercado na noite dessa sexta-feira no Toronto International Film Festival (TIFF) 2016.
É até comum a organização do evento agendar novas exibições para alguns (poucos) títulos. Mas três horários?! Não. Ao todo, entre sessões para imprensa e público, o longa-sensação de Barry Jenkins será projetado oito vezes na mostra, sendo a última neste sábado, com lugares já ganha uma passagem para o Canadá para quem adivinhar esgotados.
“Esse filme é, sem sombra de dúvida, a razão por quê se vai ao cinema: para compreender, para se aproximar, sentir dor, de preferência junto com outra pessoa”, tascou o crítico da Time Out. “O filme apresenta percepções ricas a respeito da experiência afro-americana contemporânea”, foi a vez da Variety. “É o trabalho de um realizador de ponta, não uma promessa” (BBC). E o The Hollywood Reporter conclui: “Brilha como o próprio título” (que quer dizer “luz da lua”).
De um total de 29 revisões catalogadas no Rotten Tomatoes desde que a produção estreou no Festival de Telluride no dia 2 de setembro, há apenas uma reprovação – o que a credencia com um total de 97% de “likes”.
O hype se justifica? Sim. Divida em três fases, a história do tímido Chiron – negro, de tendências homossexuais –, que vai do bullying à chefia do tráfico local, é um verdadeiro estudo de personagem; um retrato poético da busca universal por autoconhecimento, que recusa o lugar-comum. Não falta nuance, não falta franqueza emocional, não falta solidão (crítica completa aqui).
Se vai ser indicado ao Oscar já é uma outra trama. Moonlight tem um perfil indie demais para a temporada de premiação (não é um filme explosivo como Whiplash – Em Busca da Perfeição, por exemplo). Mas conta com a assinatura de Brad Pitt como produtor executivo. Em tempos de "Black Lives Matter" – e depois do #OscarsSoWhite –, vai que...