A vida privada de um artista pode ser dissociada do seu trabalho, público? Para os canadenses que lotaram o teatro Winter Garden na noite de sexta-feira, 9, para a assistir à estreia de The Birth of a Nation no Toronto International Film Festival (TIFF) 2016, a resposta é: Claro!
O filme, vencedor do Festival de Sundance, foi ovacionado pela audiência, que ignorou a denúncia de estupro, no passado, que pesou recentemente sobre o produtor, diretor, roteirista e ator protagonista, Nate Parker – da qual, aliás, foi inocentado. “Eu aprecio isso mais do que vocês possam imaginar”, disse, ao subir ao placo depois da exibição, encerrada por uma chuva de aplausos.
Nate, que não vai conceder entrevistas no evento, lamentou que não haja um monumento sequer na Virgínia em homenagem a Nat Turner, o herói do filme, um personagem real, escravo que fez fama por liderar uma rebelião no estado norte-americano em 1831, e que resultou na morte de cerca de 60 senhores de escravos (todos caucasianos, obviamente), considerada o pontapé inicial para o fim da escravidão no país.
“Esta é uma pessoa que deveria ser celebrada como Patrick Henrys, [Thomas] Jefferson, entre os nossos pais da pátria”. “Eu senti que essa história, historicamente falando, poderia promover, de verdade, o tipo de cura de que a gente precisa, uma conversa sobre raça”.
De fato, com The Birth of a Nation, Nate soube aproveitar com maestria os simbolismos para ir à forra na questão racial. O envolvimento do ator com o personagem é tão evidente – transborda da tela – que, se ele não for indicado ao Oscar por sua performance, os membros da “Academia” vão precisar passar o ano inteiro se explicando (confira nossa crítica completa aqui).
O filme tem previsão de estreia em 26 de janeiro de 2017 no Brasil.