Você já ouviu falar em Dacre Montgomery, RJ Cyler, Naomi Scott, Becky G e Ludi Lin? Talvez tenha acompanhado parte da carreira musical de Becky ou assistido RJ e Naomi em pequenos projetos, mas o mais provável é que não. Mas com certeza você já ouviu falar em Power Rangers, não é mesmo?
Os clássicos heróis voltarão aos cinemas em 2017. O AdoroCinema teve a oportunidade de conversar com os cinco jovens, simpáticos e empolgados atores durante a San Diego Comic-Con 2016. Confira como foi nossa entrevista com o quinteto!
Como vocês foram escolhidos para integrar o elenco do filme?
Becky G (Ranger Amarela): No meu caso, o processo de casting foi bastante interessante. Eu venho do mundo da música, eu estava em turnê e não tinha a menor ideia para que filme eu estava fazendo o teste. Eu não sabia muito sobre o projeto, sobre o roteiro. Só recebi a descrição da personagem. Foi a minha irmã que me convenceu a fazer o teste, eu achava que não teria tempo para o filme. O meu primo, que estava em turnê comigo e com a minha irmã, também me deu força. Eu gravei o teste, enviei para o meu agente e ele me disse que os produtores do filme queriam me ver quando eu voltasse da turnê.
Quando descobri que tinha feito um teste para o filme dos Power Rangers, eu fiquei muito animada. Voei direto para Los Angeles e fiz várias audições para o papel de Trini com vários outras atrizes. Eu achava que eu não tinha condições de ganhar: achei que todas elas eram melhores que eu. Dias depois, Dean [Israelite, o diretor do filme], me ligou e perguntou se eu estava preparada para fazer parte do filme. Eu chorei bastante quando descobri que tinha sido escalada. Foi um grande momento para mim.
Eu sempre quis ser atriz, sempre fui apaixonada por atuar, mas nunca tinha conseguido explorar muito esse lado até o momento. Agora, eu posso dizer que sou oficialmente uma atriz.
Dacre Montgomery (Ranger Vermelho): Eu estava fazendo a última apresentação da última peça do meu terceiro ano da faculdade de Teatro na Austrália e eu recebi uma ligação da minha agente me perguntando se eu poderia pegar um avião assim que possível. Eu perguntei o motivo e ela me disse que era para o filme dos Power Rangers. Eu perguntei a ela como isso tinha acontecido, eu nem tinha enviado material nenhum, e ela me contou que tinha recebido uma ligação do diretor de elenco do filme perguntando se eu podia viajar para Los Angeles assim que possível.
Então, eu juntei todas as minhas economias, levei minha mãe e nós aterrissamos em Los Angeles no dia seguinte. Lá, nós nos encontramos com Dean Israelite, alguém que eu já tinha encontrado dez anos antes, na época em que eu comecei a me preparar para ser um ator, durante a gravação de um filme universitário. Ele tinha viajado de Joanesburgo para Perth, no oeste da Austrália.
Eu venho fazendo audições há dez anos e não tinha conseguido um papel sequer até agora. É um grande passo na minha carreira. Eu estudei bastante.
Ludi Lin (Ranger Preto): Eu estava filmando na Malásia e saí para visitar um amigo em Singapura e recebi uma ligação do meu empresário dizendo que eu precisava atender uma chamada para um teste. Eu respondi que eu estava em um café, que não tinha onde gravar o teste, mas o meu amigo disse que conhecia um estúdio de tv perto de onde estávamos. Pensei que um estúdio de tv seria perfeito. Quando cheguei lá, descobri que a sala disponível para gravarmos era praticamente um armário de vassouras e a única fonte de iluminação vinha de uma luminária de mesa. Não tínhamos nem mesmo uma câmera à mão porque a única câmera do estúdio já estava sendo utilizada. Então, nós gravamos o meu teste com a câmera do celular mesmo.
Quando eu cheguei em Pequim, descobri que a equipe tinha adorado o meu teste e que o diretor queria conversar comigo via Skype. De um armário de vassouras para uma conversa direta com o diretor, foi incrível. Quando descobri que eu estava dentro, fiquei muito, muito feliz. E Dean se tornou nosso amigo.
Naomi Scott (Ranger Rosa): No meu caso, eu era apenas uma atriz tentando arrumar emprego. É brincadeira. Eu recebi o roteiro e fiquei muito intrigada com a proposta. Muitas imagens vieram à mente quando pensei nos Power Rangers e pensei que seria uma ótima oportunidade. O meu primeiro teste, na verdade, foi para fazer Trini, a Ranger amarela e isso é interessante porque mostra como eles estavam buscando os atores, buscando características específicas ao invés de buscar etnias ou coisas do gênero.
Eu não tinha a menor ideia de qual tipo de filme eles queriam fazer, mas Dean me ligou via Skype e me falou tudo, tirou todas as minhas dúvidas. Ele me mostrou várias imagens, várias artes conceituais e, então, eu percebi que o filme não seria só sobre super-heróis, mas que seria também um filme no qual eu poderia fazer um bom trabalho como atriz e me divertir no processo.
Curioso que eu tinha feito teste para o filme anterior do Dean, Projeto Almanaque. Eu perguntei se ele lembrava de mim e ele disse que não. (risos)
RJ Cyler (Ranger Azul): Eu estava em Londres na época em que fui chamado para fazer o teste. Eu estava filmando outro projeto e o meu agente me contou sobre o filme. Eu pensei que seria algo menor, feito para televisão, mas ele me disse que não, que seria um grande projeto, que a Lionsgate iria investir pesado no filme dos Power Rangers. Ele falou para eu não esquecer de mandar uma gravação do meu teste, mas como eu estava trabalhando, acabei esquecendo. No dia seguinte, ele me ligou gritando e perguntando por que eu ainda não tinha enviado a gravação para ele. Rapidamente, ajeitei tudo, gravei e mandei para ele. Gravei no computador mesmo porque meu celular estava quebrado. Gravei sem esperanças de entrar para o filme, achei que era grande demais para mim. Eu estava feliz de ter sido chamado para fazer um teste, estava satisfeito de poder fazer o teste e, talvez, receber um bom feedback. Eu achava que seria um teste a menos no caminho de realmente conseguir alguma coisa para minha carreira. Então, dois dias depois, ele me ligou para dizer que Dean queria conversar comigo. Quem é Dean?, eu perguntei. Não tenho nenhum amigo chamado Dean, não conheço ninguém com esse nome. Quando ele me disse que era o diretor do filme, eu percebi que agora eu conhecia alguém chamado Dean. Conversei com ele e Dean me mostrou várias das artes conceituais do filme, me apresentou algumas ideias e era como se eu estivesse de volta à infância, eu gostava de Power Rangers, me fantasiava no Halloween. Nós conversamos bastante sobre Billy. No dia seguinte, ele me ligou de novo e disse que queria que eu interpretasse Billy no filme. Eu mantive a calma, desliguei o telefone e, aí sim, enlouqueci.
Vocês podem falar um pouco sobre os seus personagens?
Becky: Eu interpreto Trini, a Ranger amarela. Ela é durona, muito cool e acho que a jornada dela no filme é uma jornada de auto-descoberta. Ela não tem consciência da própria força, ela é solitária, prefere estar sozinha. Para ela, é difícil fazer amigos porque ela está sempre viajando, ela não consegue se manter muito tempo em um só lugar porque seus pais sempre a arrastam em mudanças por causa dos trabalhos deles. Ela é a filha mais velha e a maioria das coisas a irrita. Nem sempre é a intenção dela [ficar irritada], mas acaba acontecendo. Então, quando ela conhece essas quatro incríveis pessoas, eles trazem o melhor dela à tona e ela acaba descobrindo quem ela é de verdade. É uma jornada de crescimento muito bacana para todos os personagens.
Dacre: A ideia do personagem de Jason é que ele o capitão do time de futebol. Ele é bonito, ele consegue conquistar as garotas facilmente: esse é o conceito do personagem. O que é interessante é que durante o ensino médio, eu não era assim. Não tinha muitos amigos, sofria bullying e não jogava nenhum esporte. O meu trabalho com Dean, nosso diretor, foi achar um equilíbrio para o personagem. Ele é o capitão do time, mas é alguém que busca por novas pessoas dentro dos outros grupos na escola. Eu era assim porque eu não pertencia a nenhum grupo, estava sempre buscando isso. Então, eu acho que o equilíbrio veio da combinação da minha experiência pessoal durante esse período e as coisas que eu construí para mim após a graduação e durante a preparação para este filme. O processo foi achar um bom equilíbrio entre esses dois lados.
RJ: Billy é muito reservado, introspectivo, evita conflitos. Conforme o filme avança, você percebe que ele deseja ter amigos, mas sua timidez o impede de fazer as coisas. Billy é um pouco estranho e eu adoro essa estranheza dele. As pessoas acreditam muito nos estereótipos dos nossos personagens por causa das cores de cada um e nós acabamos totalmente com essas imagens, redefinimos os personagens. As pessoas podem até ver o filme acreditando que Jason, o Ranger vermelho, é todo testosterona, mas no fundo, ele é um cara introspectivo também, com bastante profundidade emocional. Como atores, acho que nós fizemos um trabalho incrível ao dar vida a esses personagens.
Naomi: Nenhuma pessoa de dezessete anos é unidimensional, principalmente os jovens de hoje em dia. Todos têm várias faces em suas personalidades; não existe só o nerd ou a garota popular. O roteiro criou personagens multidimensionais que são muito mais do que aparentam ser. O filme é sobre isso, é uma jornada de crescimento. Por exemplo, Kimberly. No início do filme, ela parece ser apenas a garota popular do colégio. Mas isso representa quem ela é por completo? Não. Durante o filme, você consegue ver o lado geek dela, você consegue ver o lado dela que toma más decisões, o que não significa, necessariamente, que ela é uma má pessoa . Quando você tem dezessete anos, você está descobrindo quem você é. Esse é o ponto do filme. Minha personagem não é só a garota popular; ela é uma garota de dezessete anos que é forte, que é divertida e ousada. Todos os nossos personagens são inteligentes, cada um à sua maneira. Acho que isso foi muito importante na construção de cada personagem.
Ludi: Eu creio que o filme consegue passar sua mensagem em cada personagem, na trama e em todos os aspectos do filme. E a mensagem é sobre união, como um grupo de pessoas pode se completar. Cada um tem suas próprias características que se complementares. Zack, o Ranger preto, usa uma cor que, para mim, representa sua inabilidade em deixar sua sensibilidade aflorar. Muitas coisas aconteceram com ele que não permitem que ele se mostre como é de verdade até que ele encontra essas pessoas, que dão segurança a ele, que o fazem se sentir acolhido. Ele só descobre essa sensibilidade por causa da união dos cinco.
A diversidade é uma marca no elenco de Power Rangers. Vocês podem falar um pouco sobre esta questão?
RJ: É incrível. Power Rangers faz parte de uma franquia enorme e trazer uma mensagem como essa é muito importante porque ajuda a derrubar estereótipos. Durante as audições, quando recebemos as características dos personagens, não havia indicação alguma de etnia. Eles só queriam bons atores. Eles não tentaram fazer disso uma questão política ou tentaram transformar o filme em algo politicamente correto. Eles escolheram Ludi, por exemplo, porque ele é um ótimo ator.
Ludi: Obrigado, meu amigo!
Naomi: Eu acho que foi uma decisão consciente, mas o modo como a diversidade do filme foi distribuída não me pareceu consciente. Pessoalmente, eu acho que isso é bom. É importante por causa da representatividade, mas por outro lado, nós não fomos escolhidos exatamente por isso, e sim por causa de nossas capacidades. Eu acho que essa é a melhor maneira.
Ludi: Eu apoio totalmente a diversidade. Eu nasci na China, sou chinês, falo mandarim fluente e sei o quão difícil é ter um ator chinês em Hollywood, fazendo grandes papeis, ajudando a salvar o mundo. Acho que essa é uma mensagem muito importante: o mundo não pode ser salvo por uma só nação ou por um indivíduo sozinho; é preciso que a gente se una para fazer do mundo um lugar melhor.
O que vocês podem nos dizer em relação à trama? Obviamente é uma história de origem, mas o que acontece?
Dacre: Eu acho que é uma jornada de crescimento muito atual com temas muito universais, temas que funcionam em qualquer época. É claro que o filme atualiza as tramas dos anos 90 para os dias de hoje, é um filme contemporâneo. Acho que nós fizemos um filme mais dramático e mais adulto, que funcionará para um público acostumado com os filmes da Marvel e da DC, para os jovens que vão ao cinema hoje em dia e também para os fãs originais de Power Rangers.
Becky: Eu acho que conseguimos fazer um filme realista. Nossos personagens lidam com problemas que os adolescentes de hoje em dia têm que lidar. Há o tema do cyberbullying e outros problemas que cada um dos personagens precisa lidar durante o filme. São coisas pelas quais nós já passamos em nossas vidas, isso facilitou muito nossas atuações. O filme tem um senso de realidade, é genuíno, mesmo que a trama aconteça em um mundo imaginário. Acho que nosso filme tem um coração, de verdade, e acho que as pessoas vão amar nossos personagens. Os Power Rangers foram muito importantes na minha infância, mas não exatamente por causa dos personagens ou da trama, acho que era mais por causa das batalhas e das explosões. As crianças de hoje em dia são ainda mais inteligentes, então eu acho que elas vão conseguir se conectar com o nosso filme, com a trama e com os personagens.
O anúncio da participação de Bryan Cranston no filme foi uma verdadeira surpresa. Como vocês receberam essa notícia?
Naomi: Nós descobrimos do mesmo jeito que vocês. Bryan Cranston é a escolha perfeita para interpretar Zordon. Ele tem uma ligação antiga com a série [ele foi dublador em dois episódios nos anos 90]. Então, ele é a escolha perfeita por causa de sua conexão com os Power Rangers e porque ele é um ator incrível, alguém cujo trabalho todos adoramos, seja em Breaking Bad ou em Malcolm in the Middle. Ele é fantástico, é a escolha perfeita para o papel. Estamos muito animados para vê-lo no filme.
Ludi: O que é muito legal é que ele também está muito animado de fazer parte do filme.
Dacre: Eu sabia que ele tinha uma ligação com a série. Além disso, o nome do personagem de RJ Cyler, Billy Cranston, foi nomeado por causa dele também. Eu acompanhei Bryan em Malcolm e em Breaking Bad e quando eu descobri que ele faria parte do filme, eu enlouqueci. Estamos falando de Bryan Cranston!
Becky: Foi incrível. Nós não sabíamos como seria a voz de Zordon, mas sabíamos que eles tinham que escolher alguém que fosse épico. Quando eles anunciaram Bryan... Foi a decisão perfeita, ele era a escolha certa para o papel.
E como foi trabalhar com Elizabeth Banks?
RJ: Ela é perfeita, ela é incrível. Ela nos desafiou muito a ir além do que fazíamos, ela é muito criativa. Todas as decisões que toma ao interpretar são ótimas, parece que ela não consegue errar. Ela aumentou o nível do filme, nos desafiou a nos tornarmos atores melhores, nos incentivou a tentar, experimentar.
Ludi: Ela é muito sedutora, paralisa você com todo aquele talento. O personagem dela é terrível, mas é muito divertido também.
Becky: Ela é uma atriz muito experiente, muito divertida, uma ótima pessoa. Ela é linda. Ela consegue ser estranha, sexy, insana e divertida interpretando Rita Repulsa, tudo isso ao mesmo tempo. Ela conseguiu criar muitas dimensões diferentes para a personagem.
Naomi: Eu lembro quando Becky me chamou para apoia-la em uma cena em que contracena com Elizabeth, era a primeira cena dela... Eu estava vendo a cena pelo monitor e eu lembro que havia um produtor ao meu lado. Só depois de um tempo que eu fui perceber que estava apertando o braço dele porque eu estava muito nervosa. Elizabeth é tão boa que faz a presença dela ser sentida, ela conseguiu criar uma personagem que é divertida, insana e perigosa, tudo ao mesmo tempo. Ela é uma atriz muito corajosa e tornou o filme melhor.
Como é fazer parte de uma grande produção? Como foram os primeiros dias no set?
Dacre: Os primeiros dias foram de muito aprendizado. Quando cheguei no set, encontrei todas essas pessoas com carreiras muito distintas entre si, uma grande equipe, Elizabeth Banks, o diretor, então foi uma grande oportunidade de aprendizado para mim. Você precisa estar pronto para trabalhar em um set como esse.
Becky: Você precisa estar atento.
Dacre: Isso, é preciso estar atento. Eu fui, literalmente, como uma esponja durante esses quatro meses.
Becky: Eu ia dizer isso. Sim, você precisa ser receptivo a tudo.
Dacre: Exato. É preciso receber tudo que é oferecido, em todos os sets, com todo mundo. O que é interessante sobre os meus companheiros é que cada um deles veio de uma cultura diferente. A cada dia eu aprendia algo novo.
Becky: Todos nós viemos de culturas diferentes, de países e continentes diferentes, de criações diferentes; de certa forma, esta também é a história de nossos personagens. Então, o que acontecia conosco em cena era o que estava acontecendo conosco nos bastidores. Foi um pouco intimidante, um pouco assustador estar em uma produção desse tamanho. Apesar de as pessoas acharem que eu sou experiente, eu não sou, eu estava muito nervosa. Nós funcionamos como um time. Nós ajudamos, apoiamos e inspiramos um ao outro.
Dacre: A relação que você verá no filme, que nós formamos entre os nossos personagens, é igual à relação que nós formamos no set. Nos tornamos amigos desde o primeiro dia em que nos conhecemos, somos próximos uns dos outros. E eu não digo isso da boca pra fora: nós realmente tivemos um período de aprendizado intenso durante esses quatro meses. Foi uma jornada de crescimento e de descoberta. O nosso diretor estava muito aberto a essa experiência também e nos permitiu fazer improvisos. Nós conseguimos seguir o fluxo e ver onde chegávamos.
Becky: Foi uma experiência muito, muito divertida.
Dacre: Era um grande set, mas foi muito natural e divertido. Eu me sinto muito grato de ter experimentado isso, especialmente por ser o meu primeiro filme.