Hector Babenco deixou o roteiro de dois filmes inéditos finalizados antes de morrer, na última quarta-feira (13), vítima de uma parada cardíaca. De acordo com a colunista Mônica Bergamo, do jornal Folha de S. Paulo, o diretor deixou prontos os roteiros de Galvez - Imperador do Acre e de Shirley.
Galvez é baseado no elogiado livro homônimo de Márcio Souza, que estreou na literatura com o romance publicado em 1976. A trama se passa no final do século XIX e acompanha Dom Luiz Galvez Rodrigues de Aria em suas aventuras pelas cidades amazônicas e a conquista do território acreano, que antes pertencia à Bolívia.
Também amparado na literatura, o roteiro de Shirley se baseia no livro "Shirley, a história de um travesti", publicado em 1979. O material foi escrito por Leopoldo Serran, roteirista de clássicos do cinema nacional como Dona Flor e Seus Dois Maridos (1976), Bye Bye Brasil (1979), Gabriela (1983) e O Que é Isso Companheiro? (1997). A trama narra o amor entre uma transexual e um operário.
De acordo com Bergamo, o diretor ainda preparava mais uma história inédita. Bruno Barreto (Gabriela, Última Parada - 174, O Beijo no Asfalto), amigo pessoal de Babenco, afirmou à Folha pode ser que ele assuma um dos projetos do cineasta. "Ele tinha sempre muitos projetos e chegou a me dizer que eu deveria fazer o Galvez. Não descarto a possibilidade. É um roteiro excelente", contou.
Babenco, que morreu aos 70 anos de idade, deixou um legado de obras definidoras do cinema brasileiro, como Pixote - A Lei do Mais Fraco (1981) e Carandiru (2003). O cineasta foi indicado ao Oscar por seu trabalho em O Beijo da Mulher-Aranha (1985), produção Brasil-Estados Unidos com diálogos em inglês.