Scarlett Johansson está no que os mais antigos chamariam de sinuca de bico. A atriz se situa no epicentro de uma debate envolvendo a questão do whitewashing de minorias em Hollywood, ou seja, o embranqueciento de personagens que, originalmente, deveriam ser negros, latinos, asiáticos, indianos etc, não brancos.
A polêmica se potencializa porque a atriz costuma ser uma voz contra o sexismo em Hollywood mas está sendo acusada por ativistas e alguns fãs de trabalhar em um filme que, em tese, invisibilizaria grupos étnicos não caucasianos.
Tudo começou quando a Paramount Pictures escalou a atriz que interpreta a Viúva Negra no Universo Marvel Cinematográfico para o papel principal no filme de ficção científica e ação Ghost in the Shell, adaptação hollywoodiana e com atores do anime O Fantasma do Futuro (1995). Johansson vai viver a personagem que equivale, no mangá escrito por Masamune Shirow, à ciborgue Major Motoko Kusanagi, protagonista da HQ e da animação japonesa baseada nela.
Durante um evento na cinemateca Gene Siskel Film Center, Johansson falou sobre o assunto pela primeira vez. Ainda que de forma vaga, a atriz reafirmou que a diversidade é um tema importante. "É preciso que haja diferentes pontos de vista e diferentes perspectivas", disse. "É claro, são os estúdios que fazem os filmes, mas eu acho que quando os espectadores falam alto e dizem para os estúdios o que eles querem assistir, há um ouvido atento para isso", avaliou.
"O público irá guiar a direção daquilo que recebe o sinal verde e é colocado como prioridade. Eu realmente acredito que isso seja verdade, especialmente agora, na era das redes sociais. As vozes não podem ser ignoradas. Então eu digo para as pessoas para continuarem pedindo diversidade em Hollywood", afirmou, sem falar especificamente de seu papel em Ghost in the Shell e de todo o debate envolvido na questão.
Steven Paul, produtor de Ghost in the Shell, defendeu a participação da atriz no longa-metragem recentemente. Ele afirmou a personagem de Johansson será chamada apenas de "a Major" e não terá o nome nipônico da personagem de O Fantasma do Futuro. "Eu não penso nisso como simplesmente uma história japonesa. Ghost in the Shell tinha uma história muito internacional e não era focado apenas nos japoneses, mas no mundo todo. Isso é o que eu chamo de abordagem internacional. Eu acho que é a abordagem correta", argumentou.
Com direção de Rupert Sanders (Branca de Neve e o Caçador), Ghost in the Shell tem estreia prevista para o dia 30 de março de 2017.