O futuro chegou! Desculpem o clichê, mas de que outro jeito noticiar a realização de um roteiro por um programa de inteligência artificial?! Criado em parceria pelo cineasta Oscar Sharp e o pesquisador Ross Goodwin, o algoritmo Benjamin realizou o roteiro do curta-metragem de ficção científica Sunspring, com Thomas Middleditch (Silicon Valley).
Sunspring acompanha três pessoas que vivem em um futuro estranho, possivelmente em uma estação espacial, provavelmente em um triângulo amoroso. "Parece um típico filme de ficção científica alternativo, completado por uma trama sem sentido", define o site Ars Technica, revelando o real problema enfrentado pelo cineasta e o cientista à frente do projeto.
"Assim que fizemos nossa primeira leitura do roteiro, todos na mesa estavam morrendo do rir", disse Sharp. Segundo ele, o grande desafio foi dar o mínimo de coerência às ideias nonsense de Benjamin, como o fato de o personagem estar "em pé nas estrelas e sentando no chão". Ao fim, se tornou poesia. E uma (esparsa) trama de romance e assassinato num futuro obscuro.
Mas a trajetória de grandes feitos de Benjamin não parou por aí. Versátil, o IA compôs um canção original interpretada pela dupla Andrew James & The Steady Tiger. As coisas ganharam proporção ainda maior quando o filme foi selecionado entre os dez finalistas do concurso de filmes do Sci-Fi London, superando centenas de inscritos. Mas algo começou a dar muito errado quando teve início a votação, e Benjamin entrou novamente em ação.
"Esses caras estavam trapaceando, recebendo milhares de votos. Com certeza estavam usando bots para votar neles", disse Goodwin. Benjamin ficou muito irritado com a trapaça e, na reta final da competição, direcionava 36 mil votos por hora para Sunspring — que passou à liderança da disputa. Por precaução, Sharp comunicou o organizador do festival, Louis Savy, que o algoritmo/escritor/compositor estava votando em seu filme. Coube ao realizador cancelar o concurso, devido às fraudes virtuais e humanas.
Agora confira Sunspring, e diga o que achou. Já tem gente dizendo que IA's podem ser muito úteis na indústria cinematográfica — até melhores escritores que muito roteirista por aí!