Foi anunciada hoje a seleção oficial da mostra Cannes Classics, que exibe clássicos restaurados e documentários sobre a sétima arte. O grande destaque da lista é a presença de Cinema Novo, filme-ensaio de Eryk Rocha sobre o importante movimento cinematográfico brasileiro que teve como expoentes seu pai, Glauber Rocha, Nelson Pereira dos Santos, Joaquim Pedro de Andrade, Ruy Guerra, Leon Hirszman e Cacá Diegues.
Em comunicado oficial, Eryk festejou o retorno ao Festival. Em 2004 seu filme Quimera participou da competição oficial de curtas.
"É uma grande alegria voltar a Cannes 12 anos depois para apresentar o documentário Cinema Novo. Acredito que esse é um momento pertinente para o nascimento desse filme, que traz a força, a poesia e a política desse movimento que fecundou e inventou uma nova forma de fazer cinema no Brasil. Uma geração que imaginou o cinema inserido num projeto maior de país. [...] Uma das matrizes que o filme quer revelar é a interrupção que o movimento sofreu a partir do golpe civil-militar de 1964 e o trágico desdobramento do Ato 5, em 1968. Nesse momento, estamos vivenciando um eminente risco de golpe institucional e novamente, uma interrupção. Apesar de serem contextos históricos distintos, há graves semelhanças entre esses dois processos".
Cannes Classics não é competitiva, mas Cinema Novo concorre ao L´Oeil D´or, prêmio entregue ao melhor documentário do Festival. Presidido por Gianfranco Rosi, o júri tem entre seus membros o brasileiro Amir Labaki, responsável pelo É Tudo Verdade.
Outros representantes nacionais em Cannes este ano são Aquarius, de Kleber Mendonça Filho, na competição oficial de longas; A Moça que Dançou com o Diabo, de João Paulo Miranda Maria, na competição oficial de curtas; Abigail, de Isabel Penoni e Valentina Homem, na Quinzena dos Realizadores; e O Delírio é a Redenção dos Aflitos, de Fellipe Fernandes, na Semana da Crítica.