Multipremiado no circuito dos grandes festivais de cinema de arte, o diretor sérvio Emir Kusturica crê ter sido preterido pelo Festival de Cannes por conta de suas opiniões políticas. "Eu suspeito que alguém tenha ordenado que meu filme não seria aceito", disse Emir Kusturica, duas vezes vencedor da Palma de Ouro.
O cineasta, premiado em Cannes por seus trabalhos em Underground – Mentiras de Guerra e A Vida é um Milagre, disse que sofreu preconceito por parte de suas opiniões políticas, especialmente seu apoio dado à Rússia e ao presidente Vladimir Putin.
"Ultimamente a política tem intervindo na forma com que o Festival de Cannes funciona", contou o cineasta sérvio à uma agência de notícias russa.
Kusturica confessou que seu mais recente filme, o drama On the Milky Road, com Monica Bellucci no elenco, foi inscrito no Festival de Cannes um dia depois do prazo final, mas alegou que isso não costumava ser um problema nos anos anteriores. "O filme foi inscrito, mas sequer o assistiram", ele lamentou, reforçando a tese de perseguição política.
Na última semana, Kusturica se apresentou com sua banda, o grupo No Smoking Orchestra, em Paris e abriu o show com a execução do hino da Rússia. Nos últimos anos, Kusturica tem sido um ferrenho apoiador das ações de Putin contra a Ucrânia, país onde foi proibido de entrar.
"Eu acredito que a Rússia tem o direito de proteger a etnia russa vivendo na Ucrânia e assim proteger o país de uma catástrofe", comentou o diretor em 2014. "Infelizmente a Ucrânia está seguindo o mesmo caminho que a Iugoslávia seguiu no passado e isso realmente me irrita. O mesmo tipo de catástrofe está acontecendo lá."
A crise entre Rússia e Ucrânia começou em 2013, quando o então presidente da Ucrânia, Viktor Yanukovich, fez um acordo comercial com a Rússia e protestos populares derrubaram o político. O momento gerou um conflito entre forças ucranianas e separatistas pró-Rússia.