11. A Vida é Bela (1998)
A favor: "Como suportar ao horror da guerra? Para Guido, um judeu de baixa classe, os terríveis campos de concentração da II Guerra Mundial era um caminho sem fim. Mas não para Josué (nome cujo significado original é "salvação"), tão jovem e capaz de enxergar o mundo à sua volta de outra forma. Por isso Roberto Benigni constrói um universo tão aprazível em seu grande filme — construído pela ótica de Josué, o único capaz de se salvar. Somente sob o seu ponto de vista a vida é bela", explica Rodrigo Torres.
Contra: "Os campos de concentração nunca foram tão fofos. Roberto Benigni quer que o público acredite num sujeito que, diante da dor e miséria de todos seus contemporâneos, pensa apenas em deixar um sorriso no rosto do filho - que eventualmente terá que descobrir a verdade sobre o fim de seu pai, afinal. Mas pouco importa: a profunda dignidade desse homem arranca lágrimas, num chantagismo descarado, e o público aplaude. De maneira bem irresponsável, o diretor parece sugerir que a brincadeirinha de um pai é mais importante que o sofrimento de um povo inteiro", critica Bruno Carmelo.
12. Sociedade dos Poetas Mortos (1989)
A favor: "Um filme que mistura poesia e amizade de forma bastante... poética e até idealizada. Esta é a beleza de Sociedade dos Poetas Mortos. Robin Williams encanta como o professor que todos queríamos ter, aquele que escuta, entende, brinca, nos ajuda a fazer o impensável (como rasgar páginas de um livro de escola ou entrar em um grupo de teatro, mesmo contra a vontade de seu pai). É um longa que usa como pano de fundo clássicas citações de poetas (sim, já mortos), como Henry David Thoreau, Walt Whitman ou Lord Byron, para ensinar a aproveitar o dia, como mesmo diz o lema "Carpe Diem", e a tirar proveito do que a vida nos dá - mesmo que isso signifique enfrentar os nossos medos (para o bem ou para o mal). Difícil é assistir sem se emocionar.", explica Vitória Pratini.
Luan Oliveira completa: "Um filme que permite ao telespectador sonhar mas sem passar a mão na cabeça de ninguém, fazendo questão de deixar claras as consequências negativas que os sonhadores podem enfrentar num mundo feito de pessoas acomodadas. Inclusive, não só permite como encoraja o telespectador a se libertar e buscar seu maior potencial. Depois que os créditos rolam, seguir os fluxos pré-delimitados pela sociedade nunca mais parece suficiente. O fato de que essa chama é inflamada por poesias que sobreviveram a décadas e até séculos e retiveram seu poder de mudar a vida de estudantes da década de 1950 torna a mensagem devidamente atemporal, permitindo que o filme, por sua vez, mantenha-se atual - e ainda bem. Pois num mundo cada vez mais digitalizado e efêmero, a importância, faz bem reafirmar o poder e a atemporalidade da palavra escrita e impressa."
Contra: "Mais um filme cheio de lições de moral idealizadas, protagonizadas por personagens irreais. Um homem como Keating (Robin Williams) não existe, nem mesmo os alunos dele, magicamente transformados pela ideia do Carpe Diem, 'aproveite o dia', no sentido de viver intensamente. Que tal a gente começar a valorizar tantas figuras de professores possíveis, ao invés dessa mistura inspiradora de pai-pastor-professor-filósofo de boteco? Talvez os alunos precisassem conhecer outro termo em latim, o niilista Memento Mori, 'lembra-te que morrerás'.", diz Bruno Carmelo.
13. Zoom (2015)
A favor: "Um filme que começa pretensioso, com movimentos de câmera tão falsamente ousados quanto sem sentidos, e termina como um pastiche de ação de qualquer coisa de Hollywood, do tipo que a indústria espera que seja do interesse do espectador. Em suma, um filme ruim. Essa, no entanto, não é a descrição de Zoom, o produto final entregue por Pedro Morelli, mas do filme dentro do filme que, em última análise, é realizado pelo cineasta autoral vivido (desenhado?) por Gael García Bernal e finalizado pelo produtor do longa, o maior interessado no sucesso comercial da produção. O inception não é original (a inspiração no trabalho do cineasta Charlie Kaufman é assumida aqui), mas se vale de um rico e criativo cruzamento de linguagens (live-action, animação, HQ), para contar uma história metalinguística que não hesita em jogar (com) o espectador de um lado para o outro da trama, para estimular a reflexão, tanto sobre a incomunicabilidade do cinema “de arte”, quanto a subestimação da inteligência do espectador feita pelos blockbusters", defende Renato Hermsdorff.
Contra: "Sabe a expressão "De boas intenções, o inferno tá cheio"? Isso é Zoom! O filme tem uma ideia de metalinguagem (nada original) legal, mas se resolve muito mal em forma e conteúdo: as tramas paralelas se intercalam bruscamente, as histórias são tão chatas quanto seus personagens, alguns movimentos de câmera dão vertigem — sem propósito ou necessidade — etc. Ao fim, Pedro Morelli e Matt Hansen ficam tão reféns de sua própria maquinação que, em vez de três obras ruins que fazem graça de si mesmas e se entrelaçam de modo inventivo, resta apenas um filme muito ruim: Zoom", ataca Rodrigo Torres.
14. Incompreendida (2014)
A favor: "É exagerado, bagunçado, esquisito e por vezes irritante? É. E isso é ótimo! A pequena Aria (Giulia Salerno) é incompreendida pela família e pelo crítico Lucas Salgado. Asia Argento consegue a proeza, por muitos almejada, por poucos conquistada, de capturar completamente a essência de sua protagonista na forma do filme. Intenso e nada previsível, é pura ousadia. Você vai amar ou odiar, mas jamais ficar indiferente", defende Taiani Mendes.
Contra: "Um filme histérico e vazio. [...] Salerno até consegue criar uma garotinha simpática e curiosa, mas o fato de estar cercada de personagens completamente detestáveis dificulta a entrada no espectador no filme. Pode até ter uma empatia com a menina, mas todo o resto é tão grotesco que o público se verá torcendo para o longa terminar logo. Neste sentido, os 103 minutos da produção parecem intermináveis", escreve Lucas Salgado. Leia a crítica completa.
15. Cemitério do Esplendor (2015)
A favor: "Esteticamente, Cemitério do Esplendor é deslumbrante, mas seu interesse não para por aí. O filme consegue apresentar um olhar crítico em relação ao imaginário ocidental das guerras (fala-se muito sobre o modelo exportado de heroísmo americano), apontando a ineficiência do governo local e o descaso com estes heróis abandonados, em leitos improvisados, precisando da caridade dos moradores para sobreviverem", afirma Bruno Carmelo. Leia a crítica completa.
Contra: "Apichatpong é um dos maiores picaretas da atualidade! Adepto do cinema naturalista, de filmar o que acontece com toda a calma do mundo, ele se debruça sobre temas altamente simbólicos segundo o seu modo muito particular de ver a vida. Em Cemitério do Esplendor ele segue a mesma fórmula do também insuportável Hotel Mekong, tornando seus 122 minutos uma tortura interminável", justifica Francisco Russo.