Ah, a ironia! Um filme sobre um controverso corretor da bolsa que enriqueceu às custas de muitas fraudes e corrpção pode ter sido financiado com dinheiro desviado dos cofres públicos. De acordo com reportagem do The Wall Street Journal, o longa-metragem O Lobo de Wall Street pode ter recebido verba pública desviada da Malásia.
O filme de Martin Scorsese com Leonardo DiCaprio no papel do ex-corretor Jordan Belfort foi financiado pela pouco conhecida produtora Red Granite Pictures, após seis anos de desenvolvimento do projeto, que enfrentou dificuldades para sair do papel em Hollywood por conta das cenas de sexo, nudez e uso de drogas ilícitas.
Apesar de ter feito apenas um filme antes do O Lobo de Wall Street, a Red Granite ofereceu os US$ 100 milhões necessários para a produção do longa. Investigadores acreditam que esse dinheiro tenha vindo da Malásia, desviado de um fundo estatal oficialmente destinado a estimular o crescimento econômico do país asiático.
O dinheiro teria vindo do 1Malaysia Development Berhad (1MDB), acreditam investidores. O 1MDB foi fundado por Najib Razak, atual premiê malaio que é investigado de ter cometido atos ilícitos na admistração do país.
Fontes ligadas aos investigadores dizem que esse financiamento faz parte de um escândalo ainda maior envolvendo o fundo malaio. Suspeita-se que US$ 155 milhões tenham sido desviados do 1MDB para a Red Granite em 2012, em um esquema envolvendo a criação de companhias de fachada offshore. A Red Granite Pictures tem Riza Aziz, enteado de Najib Razak, como cofundador e presidente. Ao todo, o rombo no 1MDB passa de US$ 11 bilhões.
Procurados pela reportagem do Wall Street Journal, Najib e Riza negaram as acusações. Representantes de Scorsese e DiCaprio não comentaram o assunto.
O Lobo de Wall Street concorreu a cinco estatuetas no Oscar de 2014. DiCaprio venceu o Globo de Ouro de melhor ator em filme musical ou comédia por sua atuação no longa-metragem. O filme arrecadou US$ 392 milhões nas bilheterias mundiais.