O painel da Globo Filmes no RioContenMarket 2016 contou com a presença ilustre dos cineastas veteranos que compõem seu núcleo curador: Fernando Meirelles, que participou do evento via Skype; José Alvarenga Jr., que revelou grande empolgação com o futuro do cinema nacional e seu novo projeto, a minissérie de horror Supermax; Cacá Diegues, que antecipou quando estreia (o aguardado e polêmico) O Grande Circo Místico; e Guel Arraes, um dos fundadores da empresa e que, com muita simpatia, também conversou com exclusividade com o AdoroCinema.
"Sem projeto no cinema, só TV", disse o diretor de O Auto da Compadecida e Lisbela e o Prisioneiro. Também, pudera: a especialidade do autor pernambucano sempre foi a televisão, onde surgiu como um nome revolucionário, há cerca de três décadas, e na qual acredita muito nas mãos de seus sucessores e contemporâneos: "Tanto diretores consagrados, como Luiz Fernando Carvalho, como jovens talentosos, como Flávia Lacerda, estão aí inovando", opinou.
Guel Arraes disse ainda que as séries de televisão nacionais "já estão se desenvolvendo", observando: "A Globo já está variando bastante o seu cardápio de seriado, mas a gente tem uma coisa que é totalmente diferente de todo mundo, que é a novela." Segundo Arraes, isto explica o fato de um dos aspectos mais inovadores por lá, a continuidade de uma só história ao longo de cada temporada ou de uma série inteira, é algo que "a gente faz há 60 anos". "A gente tem que pensar em fazer televisão no Brasil, se a gente pensar muito em ficar copiando, a gente pode quebrar a cara. A televisão brasileira é muito diferente, muito própria."
Por fim, Guel Arraes comentou duas coisas que lhe dão muito orgulho no momento: o cinema pernambucano, com o qual diz não ter ligação artística, mas admirar muito e se sentir tocado pessoalmente, por gente como Kléber Mendonça Filho, Marcelo Gomes, Gabriel Mascaro, Hilton Lacerda, Renata Pinheiro, Lírio Ferreira e tantos outros; e a carreira de sua filha, Luisa Arraes.
"Muito lindo, muito lindo... E fazendo um caminho próprio, né?", comentou o pai-coruja, que viu a filha crescer sozinha após estrear, pequenininha, numa participação em Lisbela e o Prisioneiro. Hoje, ela ganha espaço tanto na TV, na novela "Babilônia", e no cinema, onde estrelou o recente Reza a Lenda. Se Guel aconselha? Muito pouco. "A gente conversa normalmente sobre teatro, cinema, muito pouco sobre o nosso trabalho. Mais para trocar experiências".