A emoção de Morricone
Compositor de trilhas sonoras clássicas do faroeste, como Era Uma Vez no Oeste e a trilogia Por um Punhado de Dólares, Ennio Morricone jamais havia ganho um Oscar competitivo - no máximo recebeu um honorário, em 2007. Convidado por Quentin Tarantino para trabalhar em Os Oito Odiados, o maestro enfim foi reconhecido pela Academia - e ainda derrotando outro monstro sagrado, John Williams (Star Wars - O Despertar da Força).
A emoção genuína do veterano compositor, aos 87 anos, bateu fundo no coração de milhões de cinéfilos mundo afora.
Fazendo história
Dois mexicanos fizeram história no Oscar 2016. O primeiro deles foi Emmanuel Lubezki, tricampeão na categoria de melhor fotografia (Gravidade em 2014, Birdman em 2015 e O Regresso em 2016). Foi a primeira vez que alguém venceu por três anos consecutivos nesta categoria.
Quem também fez bonito foi Alejandro González Iñárritu, bicampeão como melhor diretor (Birdman em 2015, O Regresso em 2016). Um feito apenas conquistado pela lenda John Ford, vencedor na dobradinha 1941/42 por As Vinhas da Ira e Como Era Verde Meu Vale, e por Joseph L. Mankiewicz em 1950/51, por Quem É o Infiel? e A Malvada. De quebra, Inárritu ainda mandou bem ao lembrar o preconceito ainda existente devido à cor da pele. "Tenho muita sorte de estar aqui hoje, mas infelizmente muitos outros não tiveram a mesma sorte. Tem uma fala no filme em que Glass (Leonardo DiCaprio) diz para seu filho mestiço: 'Eles não te escutam, apenas veem a cor da sua pele'. Então, que maravilhosa oportunidade nossa geração tem de nos libertar de todo preconceito e desse pensamento tribal, e nos assegurar de uma vez por todas que a cor da pele seja tão irrelevante quanto o tamanho do nosso cabelo".
Não foi desta vez
Ok, a gente sabia que o grande favorito ao Oscar de melhor animação era Divertida Mente. Mas havia aquela pontinha de esperança de que O Menino e o Mundo surpreendesse e abocanhasse o primeiro Oscar brasileiro - Ex-Machina não ganhou efeitos especiais? Não deu :-/
Por outro lado, quem pôde comemorar foi o cinema chileno, que pela primeira vez ganhou um Oscar. O feito foi obtido pelo curta-metragem de animação Historia de un Oso.
Surpresas
Este definitivamente foi um Oscar de surpresas! Muitos apostavam na vitória de Sylvester Stallone (Creed: Nascido para Lutar) como melhor ator coadjuvante, mas quem levou a melhor foi Mark Rylance (Ponte dos Espiões). E Ex-Machina ganhando melhores efeitos especiais e desbancando blockbusters do porte de Star Wars - O Despertar da Força, Mad Max: Estrada da Fúria, O Regresso e Perdido em Marte? O bolão de muita gente foi por água abaixo nestas duas categorias.
Quando tudo parecia ter voltado à normalidade (leia-se previsível), eis que Spotlight desbanca O Regresso e fatura o prêmio de melhor filme - sem ter ganho o de diretor, que ficou com Iñárritu.