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    Mostra de Tiradentes 2016: Os filmes de fantasmas de Júlio Bressane e Walter Lima Jr.

    Garoto e Através da Sombra foram apresentados ao público, fora de competição.

    Divulgação

    Após homenagear Andrea Tonacci, a 19ª Mostra de Cinema de Tiradentes continua valorizando os trabalhos de grandes diretores confirmados: Júlio Bressane, representado pelo drama Garoto, e Walter Lima Jr., presente com o suspense Através da Sombra.

    De certo modo, as duas produções são filmes de fantasmas, com personagens femininas possuídas por forças estranhas, diretamente ligadas à sua sexualidade. Também são filmes de fantasmas no sentido que reciclam traços consagrados de seus atores, sem o mesmo vigor de produções anteriores.

    Amantes em fuga

    Garoto apresenta o relacionamento entre um jovem casal (Marjorie Estiano e Gabriel Leone) em uma floresta, enquanto discorrem livremente sobre a existência. Quando a pulsão sexual da garota leva à concretização de um crime, os dois são obrigados a fugir sem rumo, através das paisagens desérticas do sertão brasileiro.

    A construção de ambiguidades e a mistura de linguagens (o realismo das imagens contra a construção artificial dos diálogos) geram um efeito interessante, mas menos aprofundado do que outras experiências de linguagem feitas por Bressane. Garoto recebeu aplausos mornos da plateia lotada de Tiradentes.

    Leia a nossa crítica.

    Os desejos sexuais da professora

    Através da Sombra é uma adaptação de "A Volta do Parafuso", de Henry James. Virgínia Cavendish interpreta uma professora contratada para cuidar de duas crianças órfãs em um casarão isolado, até perceber a presença de aparições sobrenaturais.

    Walter Lima Jr. tenta trazer algumas novidades à trama, carregando-a de tensão sexual e fetiches de todos os tipos, mas a ambientação é deficiente: os símbolos são óbvios, não existe ambiguidade ou duplo sentido. Para um suspense, a ausência destes elementos é extremamente problemática.

    Leia a nossa crítica.

    Economia, política, sociedade

    Quando os dois mestres do cinema brasileiro deixaram o público decepcionado, quem salvou o dia foi a documentarista Maria Augusta Ramos, com o filme Futuro Junho. O projeto analisa a crise econômica às vésperas da Copa do Mundo, investigando as consequências a médio e longo prazo na vida dos moradores de baixa renda em São Paulo.

    A ambição do projeto é notável, movido por uma visão de mundo ampla e complexa. Talvez alguns diálogos, reproduzidos para a câmera, sejam artificiais demais, correspondendo à vontade da cineasta em tornar o discurso mais claro. Mesmo assim, existem elementos muito interessantes nesta leitura do Brasil contemporâneo.

    Leia a nossa crítica.

    O dia 24 de janeiro reserva poucos longas-metragens inéditos ao público em Tiradentes, destacando os curtas-metragens de mostras paralelas, antes do início da Mostra Aurora na próxima semana. Mesmo assim, serão exibidos os longas Jonas, Campo Grande, Quase Memória e o infantil O Que Queremos Para o Mundo?.

    Críticas da 19ª Mostra de Tiradentes

    Através da Sombra

    Futuro Junho

    Garoto

    Invasores

    Quase Memória

     

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