Exaustivamente chamado de “O Mad Max do sertão”, Reza a Lenda não poderia ter como referência – ou mesmo ser acusado de “cópia” de – o último filme da franquia de George Miller, Estrada da Fúria. “Só se eu fosse vidente. A gente filmou no final de 2014, eu escrevi [o roteiro] em 2006”, atesta o diretor Homero Olivetto, em entrevista exclusiva ao AdoroCinema.
“Mas tem elementos do Mad Max de 1979”, ele confessa, para acrescentar outras fontes: “Assim como tem de outras coisas, desde Conan, O Bárbaro a [o mangá] 'Afro Samurai'”. “No final das contas, eu comecei a achar legal isso, de as pessoas imaginarem um universo Mad Max e sertão na mesma frase”, disse, ao lado da atriz Luisa Arraes (que interpreta Laura).
Ele também explica por que raios um cidadão urbano, que veio da publicidade (Homero é filho de Washington Olivetto) resolveu, para um primeiro filme, se enveredar por uma história que se passa no sertão, com um pano de fundo religioso. “A ideia original tem a ver com um aspecto afetivo meu, porque parte da minha família é sergipana”. “Eu sempre tive vontade de misturar esses dois universos, de criar um herói sertanejo com os aspectos das coisas que eu gosto, até para ver se funcionava”.
Homero, no entanto, sabia que a combinação poderia, sim, dar certo. O Manguebeat, movimento de contracultura surgido em Recife nos anos 1990, é citado como a alusão mais clara para o diretor na confecção do novo filme. “[Quando] Baile Perfumado fez aquele começo, com o Chico Science bombando, com as aéreas dos cânions eu falei: ‘Opa, Manguebeat com cinema funciona!’”
Olivetto matém segredo sobre o próximo projeto no cinema, um filme de ação “com mais assunto ainda do que o Reza a Lenda”, que surgiu como um convite do sócio da Imagem Filmes, Abrão Scherer. “Eu queria fazer um filme de um cara em crise num apartamento. Só pensando. Não vai ter nem som direto”, brinca, depois de toda a poeira de Reza a Lenda, que chega aos cinemas brasileiros nesta quinta-feira, 21 de janeiro.
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