Além de deixar um inestimável legado na música, David Bowie soube escolher papéis desafiadores e ecléticos em sua carreira como ator de cinema e teatro. Ele já interpretou um extraterrestre, um vampiro, Andy Warhol e Nikola Tesla, provando que a mutação era uma constante em sua vida nos palcos, nos estúdios musicais e diante das câmeras.
Com tributos por todo o mundo, o mais recente nome de peso do mundo das artes a homenagear Bowie foi o cineasta Martin Scorsese. Os dois trabalharam juntos no controverso drama A Última Tentação de Cristo (1988), que apresenta Jesus Cristo (Willem Dafoe) tentando imaginar como seria sua vida se ele fosse uma pessoa comum.
"É um choque pensar que David Bowie se foi", disse o cineasta em entrevista à revista Entertainment Weekly. "Ele foi um desses artistas extraordinários que surgem tão raramente. Há uma canção no seu disco "Low" chamada 'Speed of Life' ('Velocidade da Vida', em tradução para o português) e era nessa velocidade que ele parecia se mover — sua música, sua imagem e seu foco estavam em constante mudança e em cada movimento, cada mudança, ele deixou uma profunda marca cultural", avaliou o cineasta.
Bowie morreu no último domingo (10), aos 69 anos de idade, vítima de um câncer de fígado, doença que enfrentou durante os últimos 18 meses de sua vida. O artista partiu dois dias depois de lançar seu último disco, o elogiado álbum "Blackstar".
Na entrevista, Socorsese falou sobre como foi trabalhar com Bowie em A Última Tentação de Cristo, filme que trouxe o cantor e compositor no papel de Pôncio Pilatos, um papel que foi originalmente concebido para outro músico, o cantor Sting, ex-The Police.
"Eu fiquei um pouco surpreso quando conheci Bowie: Ele era um homem muito concentrado e pensativo e ele era realmente humilde", contou o diretor. "Nós tivemos a chance de trabalhar junto em A Última Tentação de Cristo, onde ele interpreta Pôncio Pilatos, e para mim foi uma absoluta alegria. Ele foi um grande artista e deixou um notável conjunto da obra".
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