Que Horas Ela Volta? conquistou elogios da crítica especializada nacional e internacional, foi eleito pelo AdoroCinema o 2º melhor filme de 2015, foi premiado nos festivais de Sundance e Berlim e era apontado pela imprensa como um dos possíveis indicados ao maior prêmio da sétima arte mundial até ontem. Nesta sexta-feira (18), a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas frustrou quem esperava ver o Brasil conquistar uma indicação ao Oscar de melhor filme estrangeiro em 2016 (o que não acontece há quase duas décadas).
Em entrevista para a Folha de S. Paulo, a diretora Anna Muylaert disse que esperava que o filme fosse esnobado pela Academia. "O resultado do Oscar estava dentro do que eu esperava: apesar da enorme campanha, eu sabia que entrar é difícil. Há quanto tempo o Brasil não é indicado?", afirmou a cineasta, uma das principais referências do cinema brasileiro em 2015. "O filme teve carreira internacional, mas foi feito para os brasileiros."
[Atualização: 19/12/15, às 21h57] A página oficial de Que Horas Ela Volta? no Facebook publicou um link para esta notícia acrescentando a declaração completa da diretora Anna Muylaert sobre o fato de seu filme ter ficado fora da shortlist do Oscar. Leia abaixo:
"É claro que teria sido ótimo colocar um filme brasileiro no Oscar depois de tanto tempo. Mas, não fizemos Que horas ela volta? com esse objetivo e sim o de fomentar discussões dentro da sociedade brasileira. Tivemos uma carreira internacional gloriosa: estreamos em quase toda a Europa e América do Norte e agora rumamos para as estréias na Ásia. Recebemos uma fortuna crítica por onde passamos, fizemos uma campanha vitoriosa no Oscar, figuramos na maioria das listas de previsões da imprensa especializada americana , mas não entramos na shortlist da Academia. Sei que entre os concorrentes há muitos grandes filmes e apenas 5 vagas. Muitos ficaram e ficarão de fora e nós ficamos. Hoje pode parecer decepcionante, mas no final isso não muda em nada o tamanho de nossa realização. Obrigada a todos pela torcida e sigamos em frente. E que nosso cinema brasileiro possa cada vez mais saber divertir o seu público com qualidade sem esquecer de trazer à tona discussões de idéias necessárias."
A última indicação brasileira ao Oscar de melhor filme estrangeiro foi com o clássico Central do Brasil, que perdeu para o italiano A Vida É Bela — Fernanda Montenegro também foi indicada ao Oscar de melhor atriz por seu trabalho no filme de Walter Salles, mas Gwyneth Paltrow levou a estatueta por sua atuação em Shakespeare Apaixonado.
Outro clássico do cinema nacional, o drama Cidade de Deus, conquistou o incrível número de quatro indicações no Oscar de 2004: melhor diretor (Fernando Meirelles), melhor roteiro adaptado (Bráulio Mantovani), melhor direção de fotografia (César Charlone) e melhor montagem (Daniel Rezende).
Com o Brasil de fora, os filmes que permancem na disputa pelo Oscar de melhor filme estrangeiro em 2016 são Labirinto de Mentiras (Alemanha), O Novíssimo Testamento (Bélgica), O Abraço da Serpente (Colômbia), Guerra (Dinamarca), O Esgrimista (Finlândia), Cinco Graças (França), Filho de Saul (Hungria), Viva (Irlanda) e Theeb (Jordânia).
A 88ª edição do Oscar será realizada no dia 28 de fevereiro, com apresentação do comediante Chris Rock. A lista final de indicados será anunciada no dia 14 de janeiro.
Que Horas Ela Volta? está fora da disputa pelo Oscar 2016