A maioria dos festivais de temática LGBT costuma privilegiar as produções sobre homens homossexuais, e talvez essa predominância ainda exista no Festival Mix Brasil, em São Paulo. Mas é interessante ver a alta qualidade das produções sobre transexuais e sobre mulheres lésbicas, como na última segunda-feira, com dois filmes muito diferentes sobre as lutas femininas na sociedade.
Pioneiras nos palcos e nos bastidores
O documentário Yorimatã, de Rafael Saar, apresenta a trajetória da dupla Luhli e Lucina, que desafiou as rígidas regras da ditadura para cantar músicas sobre a paz e a natureza. O filme destaca a importância desta postura militante, e a bela família constituída pelas duas e por Luiz Fernando Borges da Fonseca, todos cuidando dos filhos com a mesma atenção. Enquanto Luhli e Lucina relatam suas lutas políticas (mulheres sequer podiam tocar tambores na época), convidados como Ney Matogrosso e Gilberto Gil cantam com a dupla.
Elena, nascida Felipe
Já o drama chileno A Visita apresenta uma mulher transexual, que decide enfrentar a família católica em um momento muito delicado: a morte de seu pai. Elena volta à família e perturba a ordem rígida entre patrões e empregados, homens e mulheres. Ela tem muitas dúvidas sobre seu papel neste lar, mas acaba resistindo às pressões. É importante notar que a protagonista é interpretada por uma atriz transexual, Daniela Vega, algo raro no cinema contemporâneo.
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TupiniqueensYorimatã