Terry Gilliam — diretor responsável por clássicos cults da ficção científica como Brazil: O Filme e Os 12 Macacos, e integrante da influente e renomada trupe inglesa de humor Monty Python — tem algo a dizer sobre a febre de super-heróis. Spoiler: se você for fanboy da Marvel ou da DC você não vai gostar do que ele disse.
O veterano cineasta acredita que a fórmula dos filmes de super-herói, que representam um dos maiores fenômenos cinematográficos da última década no quesito bilheteria, é limitada e cansativa. "Eu me preocupo quando as coisas começam a ficar repetitivas e agora nós temos todo o Universo Marvel Cinematográfico [com os filmes] dançando entre si. Por isso, agora o Superman tem que fazer amor com o Batman ou algo parecido", disse Gilliam, que vê a produção de Batman Vs Superman - A Origem da Justiça como uma resposta à bem sucedida empreitada da Marvel Studios.
A análise do ator, diretor, roteirista e comediante aconteceu durante uma conversa com o jornalista Sam Rubin no programa de TV LiveTalksLA.
"Essas coisas criam um universo hermeticamente fechado e isso realmente me irrita porque a Bíblia é mais interessante [do que os filmes de super-heróis]: As histórias são mais surpreendentes e, para falar a verdade, mais humanas", afirmou Gilliam, que é ateu.
Gilliam ainda aproveitou para analisar pontos positivos e negativos de Homem-Formiga, filme que ele disse ter assistido em uma viagem de avião. "Estranhamente, eu assisti Homem-Formiga no avião vindo para cá. De Homem-Formiga eu meio que gostei, eu acho que há muita coisa boa nesse filme. Tecnicamente, é brilhante. Mas também é previsível. Nós sabemos para onde o filme vai te levar. Tudo bem, eles abordam isso de várias maneiras, mas esse é o problema, eu não me surpreendo. Eu quero me surpreender mais", disse.
Ele também comentou a afirmação de Steven Spielberg, que avaliou que os filmes de super-heróis devem perder popularidade da mesma maneira que os filmes de faroeste perdera decadas atrás. "Eu estava pensando nisso no outro dia. Quando eu era mais novo eram os faroestes que eram populares. Mas eu ainda acho que mesmo nos faroestes, onde há uma fórmula, há mais lugares para ir [do que nos filmes de super-herói], há mais humanidade — uma humanidade real — ao contrário dos filmes artificiais e inflados dos super-heróis".