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    Jennifer Lawrence publica artigo que denuncia sexismo em Hollywood: "Estou cansada disso"

    Atriz criticou a Sony por ter pago a ela um salário menor do que o que foi pago a Jeremy Renner, Christian Bale e Bradley Cooper em Trapaça e defendeu Angelina Jolie.

    Apesar de ser uma das atrizes mais populares de sua geração, estrelar bilionárias franquias como Jogos Vorazes e X-Men e ter vencido o Oscar aos 22 anos de idade (e ter sido indicada outras duas vezes), Jennifer Lawrence não está imune a sentir na carreira os efeitos da desigualdade de gêneros em Hollywood.

    Disposta a denunciar o sexismo da indústria cinematográfica, J. Law aceitou escrever para a newsletter feminista Lenny — fundada por Lena Dunham e Jenni Konner, produtoras da série Girls — e publicou um artigo entitulado "Why Do I Make Less Than My Male Co‑Stars?", ou "Por que eu ganho menos do que meus colegas do sexo masculino?", em português.

    No texto, a atriz afirmou que por muito tempo se absteve de debater pautas feminstas para não ser vista como uma pessoa difícil, mas que isso mudou de uns tempos para cá, especialmente depois que ela descobriu que recebeu um cachê menor do que seus colegas de elenco em Trapaça, apesar de ser uma das atrizes mais populares da produção. 

    "Quando se trata do assunto feminismo, eu tenho permanecido sempre ligeiramente tranquila. Não quero debater assuntos só porque eles estão na moda... Mas com muita conversa vem a mudança, então eu quero ser honesta e aberta e, dedos cruzados, não chatear ninguém", disse Lawrence no primeiro parágrafo. "É difícil para mim falar das minhas experiências enquanto uma mulher trabalhadora. porque eu posso seguramente dizer que meus problemas não são comuns. Quando o vazamento da Sony aconteceu e eu descobri o quanto menos eu estava sendo paga do que as pessoas que por sorte têm pintos, eu não fiquei brava com a Sony. Eu tenho raiva de mim mesma. Eu falhei como uma negociadora porque eu desisti cedo. Eu não queria continuar lutando por causa de milhões de dólares que, francamente, devido a duas franquias, eu não precisava".

    Em Trapaça, filme de David O. Russell que recebeu 10 indicações ao Oscar (incluindo uma de melhor atriz coadjuvante para Lawrence), a única pessoa do elenco principal que ganhou a mesma quantia que J. Law foi Amy Adams, a única outra mulher do quinteto de protagonistas.

    Para Jennifer, a postura que os executivos de Hollywood esperam das mulheres reflete os ideias de uma sociedade moldada por conceitos machistas. Ela afirma que hesitou brigar por seus direitos para não ser vista como encrenqueira, mas percebeu que que isso apenas condizia com uma falsa visão de que as mulheres tem de ser passivas e os homens tem a permissão de agir de maneira mais incisiva para resolver seus problemas. "Naquele momento, parecia uma ideia tranquila até que vi na Internet os pagamentos e percebi que para todos os homens que trabalharam comigo não existia esses problemas de temer ser difícil ou mimado. Eu não acho que trabalhei com algum um homem que passou um tempo pensando como poderia ser ouvido dentro da indústria. Ele é simplesmente ouvido. Jeremy Renner, Christian Bale e Bradley Cooper: todos lutaram e conseguiram negociar acordos poderosos para si próprios. Se qualquer coisa acontecer, eu tenho certeza que eles foram elogiados por serem ferozes e táticos, enquanto eu estava ocupada se preocupada em agradar e não recebendo o que merecia por direito", afirmou.

    Na mais recente lista divulgada pela revista de finanças e negócios Forbes, Jennifer Lawrence foi apontada como a atriz mais bem paga do planeta no período entre junho de 2014 e junho de 2015, com um faturamento de US$ 52 milhões. No mesmo recorte temporal, Robert Downey Jr., no topo da lista dos atores mais bem pagos do mundo, faturou US$ 80 milhões. Apenas quatro atrizes faturaram mais US$ 20 milhões no período analisado, o que mostra um contraste brutal com a lista dos atores mais bem pagos entre 2014 e 2015, que traz 21 astros com rendimentos superiores a US$ 20 milhões.

    A atriz de Jogos Vorazes ainda defendeu Angelina Jolie, que, como revelaram os documentos vazados da Sony Pictures, foi chamada de "criança mimada" pelo produtor Scott Rudin. "Isso não tem NADA a ver com a minha vagina, mas quando outro e-mail vazado da Sony revelou um produtor se referindo a uma colega de trabalho durante negociações como uma mulher 'mimada', por algum motivo, eu não consigo imaginar alguém dizendo isso sobre um homem".

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