Os bastidores da pré-produção da cinebiografia de Steve Jobs foram turbulentos. O projeto sobre o gênio por trás da Apple, Inc. foi oferecido ao diretor David Fincher, que o rejeitou. Logo depois, atores do primeiro escalão de Hollywood como Leonardo DiCaprio e Christian Bale receberam propostas para ficar com o papel principal, mas ambos terminaram de fora da produção. Bale chegou a aceitar trabalhar no filme e ensaiar com outros atores, mas abandonou o barco em seguida. Após isso, a Sony Pictures, no centro do escândalo de vazamento de e-mails, desistiu de desenvolver o filme, que foi parar na Universal Pictures, estúdio rival.
Apesar dos pesares, na Universal o filme foi pra frente. Danny Boyle assumiu a direção do longa e Michael Fassbender ficou com o cargo rejeitado por Bale e DiCaprio. O que motivou tamanha dança das cadeiras? De acordo com a equipe de Steve Jobs, Laurene Powell Jobs, viúva do empresário, tentou atravancar o desenvolvimento do filme com todos as suas forças.
Em entrevista para a revista The Hollywood Reporter, Boyle confirma, com algumas reservas, que Laurene e Tim Cook, atual CEO da Apple, não queriam que o filme fosse produzido. "Eles não ajudaram. Tivemos alguns momentos difíceis. Eu não vou entrar nesses detalhes", disse o cineasta.
Apesar de Boyle não especificar quais foram esses "momentos difíceis", uma fonte do The Hollywood Reporter afirmou, especificamente, de qual maneira Laurene teria atrapalhado a produção do filme. "Desde o comecinho, Laurene Jobs tem tentado matar esse filme, ok? Laurene ligou para o Leo DiCaprio e disse 'Não faça isso'. Laurene ligou para Christian Bale e disse 'Não faça isso'." A reportagem ouviu ainda um executivo da Sony Pictures, que confirmou a indisposição da viúva de Jobs para com a produção: "Ela tinha um forte desejo de que o filme nunca fosse feito. Mas nós dissemos 'Vamos avançar'. No meu entendimento, ela ligou para um ou dois atores".
Tim Cook condenou os filmes que exploram a imagem de Steve Jobs e chamou os projetos, incluindo o fraco filme estrelado por Ashton Kutcher e o documentário de Alex Gibney, de "oportunistas". O roteirista Aaron Sorkin, mais um dos grandes nomes envolvidos no filme, repleto de vencedores e indicados ao Oscar em sua equipe, retrucou a fala de Cook em entrevista recente ao THR. "Se você tem uma fábrica cheia de crianças na China montando celulares ganhando 17 centavos por hora, você precisa ser muito ousado para chamar outra pessoa de oportunista", disse Sorkin. Dias depois, o roteirista se retratou pela afirmação.
Além de Fassbender como Steve Jobs, o filme traz e Seth Rogen como Steve Wozniak, co-fundador da Apple; Kate Winslet como Joanna Hoffman, ex-chefe de marketing da Macintosh; Jeff Daniels como John Sculley, CEO da Apple entre 1983 e 1993; Katherine Waterston como Chrisann Brenna, ex-namorada de Jobs e mãe de sua filha; e Perla Haney-Jardine, Ripley Sobo e Mackenzie Moss vivendo Lisa Brennan, filha de Jobs, em diversos estágios de sua vida.
De acordo com a sinopse oficial, o filme é situado nos bastidores do lançamento de três produtos icônicos da Apple e termina no ano de 1998, com o lançamento do iMac, pintando "um retrato intimista do brilhante homem em seu epicentro". Na opinião da imprensa, o filme mostra a genialidade profissional de Jobs, mas também destaca lados negativos de sua personalidade, como a arrogância. Steve Jobs teve sua primeira sessão dia 5 de setembro no Festival de Telluride. O filme estreia nos Estados Unidos neste mês de outubro. No Brasil, o longa desponta dia 28 de janeiro de 2016.