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    Festival de Brasília 2015: Curtas-metragens ambiciosos compensam fraco documentário musical

    A Outra Margem e História de uma Pena mostraram o talento da nova geração de curta-metragistas brasileiros.

    A penúltima noite da mostra competitiva do 48º Festival de Brasília trouxe filmes de qualidades muito distintas. Os dois curtas-metragens exibidos, A Outra Margem e História de uma Pena impressionaram pelo domínio da linguagem e pela ambição narrativa de seus jovens diretores.

    Já a produção local Santoro - O Homem e sua Música, de John Howard Szerman, decepcionou com o retrato panfletário e cinematograficamente pobre do maestro e compositor Cláudio Santoro. Compreende-se que o festival de Brasília queira incluir filmes brasilienses na mostra competitiva, mas depois do ótimo Branco Sai, Preto Fica em 2014, este documentário despertou risos involuntários no cinema, e levou vários espectadores a abandonarem a sessão. Leia a nossa crítica.

    Solidão na cidade

    A Outra Margem é um filme curioso: sua história apresenta um "agroboy" passeando pela noite de Campo Grande, bebendo e observando a diversão dos outros jovens. Existe uma infinita tristeza e raiva contidas neste personagem, cujas motivações permanecem misteriosas aos olhos do público.

    A diretora Nathália Tereza faz uso excelente de som e montagem, privilegiando os silêncios e a construção de atmosfera. Ela conta com a ótima atuação de Pepa Quadrini - uma boa aposta para a premiação de melhor ator de curta-metragem. Com exceção de uma longa cena giratória, as imagens são contidas e de uma precisão cirúrgica na montagem e na edição de som. Um belo estudo de personagem, que transmite uma potente sensação de vazio.

    O som ao redor

    História de uma Pena é outro curta-metragem misterioso. O cineasta Leonardo Mouramateus trabalha com a reunião entre diversos jovens na escola, tentando convencer um professor visivelmente perturbado (Caetano Gotardo) a terminar a aula mais cedo. Assim como no filme anterior, trabalha-se muito bem a ideia de tédio, de juventude sem rumo, com a contribuição de um elenco afinado, comandado pelo ótimo Jesuíta Barbosa.

    Ao contrário de A Outra Margem, as ferramentas cinematográficas deste filme dizem respeito principalmente à imagem fora de quadro e ao som não referente. Mostra-se um personagem enquanto ouve-se a conversa do colega ao lado, criando uma ideia interessante do espaço sonoro e visual. A conclusão, simples e cômica, apresenta uma rebeldia saudável no cinema.

    A última noite da mostra competitiva traz a exibição do longa-metragem Prova de Coragem, de Roberto Gervitz, além dos curtas-metragens O Sinaleiro e O Corpo.

    Leia as críticas já publicadas sobre os filmes do 48º Festival de Brasília:

    5x Chico - O Velho e sua Gente

    Através

    A Família Dionti

    Fome

    Para Minha Amada MortaSantoro - O Homem e sua Música

    Um Filme de Cinema

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