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    Festival de Toronto 2015: A garotinha de Desejo e Reparação cresceu

    “Tive que provar que eu não tinha mais 12 anos”, disse Saoirse Ronan, que tem até cena de sexo em Brooklyn – papel que a coloca (bem posicionada) de novo na corrida do Oscar.

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    Saoirse Ronan estava na virada dos 12 para os 13 anos quando recebeu sua primeira indicação ao Oscar. Ela concorreu à estatueta de atriz coadjuvante pelo papel de Briony Tallis, a menina de imaginação fértil que ferra com a vida do casal Robbie (James McAvoy) e Cecília (Keira Knightley), acusando-o de um crime que ele não cometeu, em Desejo e Reparação (2007). Um filme de época (se passa em 1935), baseado no romance do escritor contemporâneo Ian McEwan, por sua vez, muito comparado com o universo de Jane Austen.

    Pois quase dez anos depois, a atriz, hoje aos 21, apresentou no Toronto International Film Festival (2015) seu mais novo trabalho, dessa vez como protagonista. Trata-se Brooklyn, um filme de época (se passa no início dos anos 1950), baseado no romance do escritor contemporâneo Colm Tóibín, por sua vez, muito comparado com o universo de Jane Austen.

    WireImage/Getty for TIFF

    No filme do pouco conhecido John Crowley – que assumiu a direção de dois episódios da última temporada de True Detective –, Saoirse é a irlandesa Eilis Lacey. Com poucas perspectivas em seu país, a tímida menina embarca, a convite do padre Flood (Jim Broadbent), para a “América”, terra das oportunidades (não se esqueça de que estamos falando dos anos 1950), deixando, a contragosto, a mãe viúva e a irmã, a quem é muito apegada, para trás.

    Chegando lá, se estabelece, claro, no bairro do título, arrumando um quartinho na pensão da senhora Kehoe (retratada pela veterana Julie Walters, que tem as melhores falas, sempre à mesa das refeições). Eilis arruma um emprego, começa a estudar e, bem à moda antiga, engata um namoro com o ítalo-americano Tony (Emory Cohen, ótimo).

    O envolvimento (paquera, flerte, corte: pergunte um sinônimo bem velho para a sua avó) entre os dois é abordado com uma delicadeza de marejar os olhos. Até que... ela se vê obrigada a voltar, temporariamente, para a terra natal, onde, para a surpresa da personagem, tudo de... bom acaba por acontecer lá.

    Nova versão de um conhecido conto de fadas.

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    "É uma nova versão de um conhecido conto de fadas”, resumiu o diretor, ao lado de Saoirse, Emory e Domhnall Gleeson - o trio principal do elenco -, no palco do Winter Garden Theatre, no festival canadense. “O dilema central é que, quando você se muda para um país, não pertence àquela cultura; e quando retorna para o seu, é tipo um exilado”.

    Saoirse, que é filha de pais irlandeses, concordou. “A diferença é que meus pais se se mudaram para Nova York nos anos 1980, e eu nasci lá [na cidade norte-americana]”.

    O roteiro é de responsabilidade do escritor Nick Hornby, autor dos romances “Alta Fidelidade” e um “Um Grande Garoto” (que deram origem aos filmes homônimos), e que vem se especializando na escrita para o cinema (Educação, Livre).

    “Como Nick também é romancista, ele sabe muito bem o que manter numa adaptação, mas, principalmente, o que tirar. E ele conseguiu adicionar mais humor [ao original]”, elogiou Crowley.

    De volta à bolsa de apostas do Oscar.

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    A carreira de Saoirse não parou em Desejo e Reparação. Ela atuou, por exemplo, em Um Olhar do Paraíso (2009), A Hospedeira (2013) e, mais recentemente, em O Grande Hotel Budapeste (2014). Mas, claro, ficou marcada pelo papel que a indicou precocemente ao Oscar.

    Tanto que, na apresentação de Brooklyn, no qual Ronan tem uma cena (delicada) de sexo, a atriz (re)afirmou: “Tive que provar que eu não tinha mais 12 anos”.

    Como resultado, o filme foi aplaudido cinco (!) vezes pelo público enquanto subiam os créditos finais. E, em grande parte, pelo trabalho da jovem. Ela entra com força para a bolsa de apostas do próximo Oscar, que, segundo a revista Variety, já teria, pelo menos, sete competidoras no páreo: Carey Mulligan (Suffragette), Brie Larson (Room), Sandra Bullock (Our Brand Is Crisis), Charlotte Rampling (45 Years), Alicia Vikander (A Garota Dinamarquesa), Emily Blunt (Sicario), e possivelmente Julianne Moore (Freeheld).

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