Com uma fila de dobrar o quarteirão, A Garota Dinamarquesa teve sua primeira sessão para a imprensa e o mercado, nesse sábado, no Toronto International Film Festival (TIFF). E o público presente no Princess of Wales Theatre viu nascer o rumor pré-Oscar mais forte até aqui nesse início de festival.
Tudo culpa de Eddie Redmayne, o atual detentor do cinturão Oscar de Melhor Ator por seu retrato do físico Stephen Hawking em A Teoria de Tudo – filme que, por sinal, foi exibido no TIFF 2014. De volta ao universo das cinebiografias, de volta à prematura bolsa de apostas para a premiação de Hollywood.
Em The Danish Girl (no original), o ator dá vida a Einar Mogens Wegener, ou melhor, a Lili Elbe. O pintor dinamarquês de relativo sucesso vivia feliz com a esposa, a também pintora Gerda, no início dos anos 1920. Até que, para finalizar um quadro, ela o pede que se vista de mulher, como modelo, e desperta no rapaz um desejo que há tempos já estava para emergir.
Até aí, nenhum problema. O casal não formava um par careta e, estimulado pela mulher, ele chega, inclusive, a frequentar uma festa vestido como menina. Mas algo não vai bem no reino da Dinamarca. E o lado feminino de Einar (que tem até nome: Lili) acaba por falar mais alto, no fim das contas, e ele acaba se tornando o primeiro ser humano a fazer a cirurgia de redesignação sexual.
Em um curto espaço de tempo, Redmayne interpretou papéis marcantes, para o bem (o próprio A Teoria de Tudo, que lhe rendeu o Oscar) ou para o mal (O Destino de Júpiter, que quase lhe tirou a estatueta). Mas os varre para o fundo da memória do espectador com essa performance.
Não se trata de um personagem gay, mas de uma mulher presa no corpo de um homem. Do andar feminino à fala que dispensa a apelação do falsete, o ator atinge um registro frágil e delicado, revelando-se até mesmo “bonita”.
Foi o suficiente para que se pipocassem na imprensa as especulações a respeito de uma segunda indicação consecutiva para o ator no Oscar. Especulações, aliás, justificadas.
O filme, em si, é plasticamente bonito, uma característica da filmografia do diretor Tom Hooper (O Discurso do Rei, Os Miseráveis), mas calculado demais (leia a crítica aqui). Tanto que não houve aplausos ao final da sessão... ops, houve, sim, mas tímidos e com delay – bem diferente da esfuziante salva de palmas que cinebiografia de Hawking recebeu nessa mesma sala há um ano atrás.
A Garota Dinamarquesa tem previsão de estreia em fevereiro de 2016 no Brasil.